... em qualquer lusa cidade, por tudo quanto é sítio, canto e recanto, é só lata, filas e filas de lata, montes de lata, montanhas de lata, milhares de quilómetros de tubo e mais tubo, cortado em pedaços verticais, erectos, encabeçados de chapa e mais chapa de todas as cores...
... todos, todos sem excepção, reconhecem intimamente que se está defronte a um inconcebível inferno que mais e mais se distende e impulsiona avidamente o mais lídimo dos ideais: ter um carrinho, um carrão, uma bomba para passear com a namorada, com as prostitutas e os prostitutos, com a esposa, filhos e pais, inclusive, para transitar da estrada para a morgue, da morgue para a igreja e da igreja para a tumba de todas as soluções... amém!...
... pois, olhe-se aí, o petróleo!... quem está entre o produtor e o desvairado consumidor? - ai, meu deus - desabafa estupidamente o zé-do-carrossel - como hei-de comprar pão para os filhos?...
- como hás-de comprar pão para os filhos? não compres. compra petróleo!...
apre, interrogo: quando surgirá o primeiro herói autárquico que elimine a lata inútil que lhe inutiliza a cidade?!... |