Noite de meia lua. Vento morno ainda vindo de algum lugar remoto, balançando os galhos floridos dos jasmineiros, deixando no ar um perfume gostoso e suave. Algumas estrelas estão pirilampiando no escuro do firmamento e, de longe em longe, o brilho amarelo e fugidio de uma estrela cadente.Estamos silentes, um em frente ao outro, pensando nos acontecimentos mais recentes, insones, aguardando a madrugada chegar com aqueles lampejos dos primeiros raios solares. Quero dizer alguma coisa, mas as palavras morrem antes de chegar aos lábios, reinando um silêncio que incomoda e oprime mais que a algazarra das crianças brincando em bandos.
Estou em estado de alerta, os olhos abertos para a escuridão, mas percebendo os vultos que passam pela noite sem dizer palavra.
Vou esperar o dia nascer e ver o que acontece de novo e de bom. Vou apagar toda esta noite da minha memória. Seguro as suas mãos virtualmente, fechando os olhos e imaginando a cena. Tão bom se eu tivesse a coragem de sair da intenção para o gesto. Meu Deus, quanta distància entre uma coisa e outra...