Escrever pra mim é algo muito valioso. É um momento de entrega total, onde os ruídos e imagens não me tiram a concentração. Entro num mundo de magia e encantamento. Estou só com meus pensamentos. E eles surgem como notas de uma melodia. Os sentimentos vão se transformando e se decodificando em palavras e frases. Vou dando forma e vida à s letras. E ouço a sonoridade do que escrevo. É um prazer imenso, uma sensação indescritível. Sinto um impulso que não consigo controlar. É mais forte do que eu. E a escrita acontece. Porque não resisto à sua vontade, e me rendo aos seus pés. Como um servo, um instrumento, diante da sua majestade, a imaginação. A criação é o meu maior talento. Porque é verdadeira. Minha parte mais profunda. Minha parte mais inteira.
Quando escrevo, sou forte como um leão ou frágil como um beija-flor. Sou todos os personagens que couberem na minha história. Uma fábula ou um romance. Um poema ou uma crónica. Não importa. Porque quando eu abro a porta, deixo toda a magia por ela entrar. Deixo-me levar para tão longe, onde só a imaginação pode chegar. Eu escrevo por paixão. Não ganho nada, nem um tostão. Mas a vida me ofereceu esse caminho e é por ele que eu vou seguir. Só carrego meus sonhos, minhas histórias, minha emoção.
Não espero nada com isso. Escrevo sem nenhum compromisso. Nem comigo, nem com você, nem com ninguém. É a minha maior proximidade com a liberdade. Numa vivência plena de sua existência. É o meu momento mais sublime, onde por alguns instantes, sou a pessoa mais poderosa e incrível que conheço. Posso fazer qualquer coisa. Inventar qualquer sentimento. No instante em que escrevo, eu me permito tudo e reconheço toda a minha verdade.
É preciso coragem para se expor desse jeito. É preciso anular a arrogància, para se mostrar assim. Sinto-me nua, exposta, Ã mostra. Aberta, sem preconceito. Escrever para mim é vestir a fantasia, é mergulhar numa aventura. É um encontro com a alegria e um enlace com a ternura