Ontem, talvez por causa do meu estado interior, passei muito tempo refletindo sobre a paternidade. Eu confesso que os meus sentimentos estavam abalados por palavras que ouvi a meu respeito, todas elas muito desairosas. Sem querer discutir se elas eram verdadeiras - o que acredito - ou se mero desabafo, na realidade mexeram comigo, trouxeram aquele desalento que a gente experimenta, por exemplo, quando pensa que o tempo foi bondoso conosco e, quando nos deparamos com aquelas rugas todas em nosso rosto, os cabelos pintalgados de branco, a falta de brilho no olhar, o espelho diante dos nossos olhos, exibindo aquele homem maduro e moido pelos anos, enfim, uma pessoa idosa, ao que nos custe admitir esta certeza.
Crista baixa, ombros vergados pelo inesperado de tantos e tantos anos, a gente termina por concluir que os anos passaram tambem pelo nosso quintal, desarrumou aquela fisionomia jovem, pondo nela umas linhas severas, mas inedeleveis que representam uma amarga realidade: estamos velhos!