Olhos fixos no caminho, procurando fugir dos percalços, das pedras afiadas que laceram os pés, tornam penosa a caminhada, porque o deserto é imenso, a canícula é desistimulante e vai minando a resistência dos mortais. Fora isso, uma sede angustiante, os olhos ardendo por causa da areia quente que o vento arremessa ao nosso rosto.
Miragens fantásticas e alucinantes invadem o cenário, tranformando em árvores e fontes de água cristalina as rochas que afloram aqui e além da areia monótona e quente. Ainda por cima, a solidão imperando sob o céu escampo e o sol que dardeja os seus raios mortais.
Uma força interior e desconhecida ajuda-nos a manter firmeza nos passos, coragem para ir em frente.
Uma meta fixada desde o início da empreitada, coloca-se bem no centro dos nossos pensamentos, impelindo-nos a prosseguir sem qualquer desfalecimento.
O dia avança lentamente e a gente parece caminhar em círculos, tal a repetição das mesmas paisagens.
A consciência se mantém em estado de alerta, como se fosse uma voz encorajadora: prosseguir!
E o sonho louco nunca chega ao fim, porque depois do oásis ali em frente, outra monotonia surge diante dos nossos olhos e nos convida a seguir, a marchar, a andar sempre em frente, em busca da noite que se avizinha e que trará alívio à epiderme e repouso para os pés andarilhos, quando o corpo se estirar sob o toldo de uma tenda rústica de beduíno.
O que será que existe por trás desta alegoria?
Que deserto é este em que se transformou a nossa vida?
As respostas, todas elas, virão com o vento, nos assobios tenebrosos do vento, viajante sem restrições e sem fronteiras.