Estou aqui sozinho, olhando fixamente o teclado, esperando que a inspiração mostre a cara.
É ruim a solidão, traz lembranças remotas, uma música(My Love, na voz da Paul MacArtney), um perfume de cujo nome náo recordo, uma noite de luar sob um caramanchão perdido em alguma esquina do passado. Vultos, sonhos murchos, desejos não realizados, despedidas breves e prolongadas, amigos idos, pessoas que cruzaram meteoricamente o nosso caminho e ficaram envoltas na espessa bruma do olvido.
Decididamente, uma colcha de retalhos que voi compondo com pensamentos idos e vividos trazem aquele aspecto inconfundível de coisa guardada por um período muito extenso, papéis amarelecidos, roupas manchadas de mofo e cheirando a mofo.
Estou aqui, mas de aparência, apenas, pois o meu essencial está percorrendo páramos longínquos, como se eu pudesse me despregar do meu corpo, bifurcar alma e corpo, tudo por conta da inspiração que anda preguiçosa e cheia de caprichos.