Luxúria!
Ah! Que pena! Ontem uma grande amiga me falou que a TV Globo está usando minha idéia inicial de escrever sobre sentimentos e qualidades de pessoas que encontro em meu caminho, visando classificar atitudes, comportamentos ou defeitos no perfil dos candidatos à próxima eleição! Só que as reportagens, em número de dez, falarão sobre os pecados capitais... E nossos políticos, como sabemos, são realmente portadores de muitos pecados.
Nem sei se perdi a oportunidade de ser inédita, pois quando a idéia me surgiu eu imediatamente escrevi sobre a arrogància e a vaidade. A última crónica foi muito bem aceita pela amiga inspiradora, porém a primeira, creio que se encaixou como uma luva para dois ou mais amigos, aos quais não tive a coragem de pedir a opinião, pois certamente meu ponto de vista não seria bem aceito.
Pois é. A partir de agora, terei que usar impressões mescladas com as expostas no Jornal da TV Globo e tentar aplicar as demonstrações qualitativas e defeituosas dos nossos políticos aos indivíduos com os quais tenho que dividir meu espaço. Não necessariamente falarei sobre pecados! Outra opção é dormir mais cedo e não assistir as reportagens.
Ontem não vi a primeira definição da TV Globo, mas soube que a reportagem foi relacionada com o esclarecimento aos eleitores sobre a luxúria e que a luxúria dos políticos estaria relacionada à sua capacidade de usar das mais inadequadas atitudes visando conseguir o poder!
Fiquei então a matutar sobre tal definição, procurando uma personalidade que se enquadrasse, entre tantas outras de minha convivência, e que se prestasse a uma crónica sobre tal qualidade ou defeito: a luxúria!
No dicionário do Aurélio, me animei quando vi que luxúria se refere ao viço das plantas, a uma qualidade do que é viçoso e exuberante. Belo, não? Mais adiante, no entanto, li que a palavra também é usada como sinónimo de lascívia, sensualidade, dissolução, corrupção, libertinagem!
Puxa! E eu nem percebia que alguém poderia englobar tantas qualificações indecorosas, já que depois desta consulta, não as considero qualidades. Na verdade, agora eu aprendi um pouco mais sobre as pessoas e sobre a vida! Aprendi a identificar que a luxúria está ao meu lado e que eu convivo com ela no meu dia-a-dia, embora não tivesse, até hoje, a capacidade de identificá-la tão bem.
Investiguei a existência de personagens do meu convívio que vestissem o disfarce da luxúria. Foi fácil conseguir tal intento, pois logo identifiquei um ser com personalidade escorregadia, que consegue envolver a todos com suavidade, com um tom manso de voz. Que, por trás de seu modo de agir, vive em função de objetivos escusos. Que usa as pessoas e seus sentimentos visando outros intentos, mesmo que no encaminhar do processo de sedução se envolva com o momento vivido e até sofra... Achei também alguém envolvente, sensual e que abusa dessa sensualidade entre os mais humildes e os mais elevados, pois necessita dominá-los, em cada degrau em que esteja na sua trajetória.
Até consegui perceber seu poder maléfico no passado. Vi pessoas capazes de destruir os que o incomodam e atrapalham e que não admitem a derrota; e que para que a vitória ocorra são capazes de passar por cima de emoções, de conceitos e de preceitos. São seres frios, com um imenso controle emocional, conseguindo abrandar seu tom de voz, suas palavras, seus mais íntimos sentimentos, irritando, com isso, suas vítimas.
Sei que há pessoas capazes de modificar suas atitudes e seus comportamentos e se tornar cativantes e meigas para obter louros. Até conseguem forçadamente a se dedicar a uma causa até benéfica, visando uma meta egoística futura, de multiplicar sua dedicação amorosa para obter poderes maléficos, de se lamentar, de chorar, de se colocar como vítima, para conseguir o carinho e a atenção de outros seres menos espertos e já emocionalmente cativados. Pena que as pessoas a ela submissas irão sofrer também.
Lamento, pois para que exista a luxúria é absolutamente necessária a existência de ingenuidade, boa fé, infantilidade, crença, porém também de medo, passividade e incapacidade de imposição de atitudes. Luxúria é o ato da manipulação dos sentimentos alheios, do blefar, de controlar emoções, visando o prazer de dominar, de ultrapassar a liberdade alheia e mostrar sua capacidade de domínio. Afinal, é saber usar o ser humano para obter seus intentos, sua meta de vida, como foi definido no Jornal da TV Globo!
Ah! Não consigo imaginar o destino dos dois: do portador de luxúria e do absorvido por ela! E menos ainda, daqueles envolvidos no problema causado por tal relação doentia! E parece que alguns dos nossos políticos conseguem dominar as massas usando tal poder!
Creio que tal defeito foi colocado no caminho das pessoas de bem para que elas cresçam, para que abominem o modo de ser do portador de luxuria, para que orem todo dia por sua redenção, para que tal ser seja iluminado e consiga ver o quanto de mal semeia por onde anda. E, fundamentalmente, que consiga enxergar que há muitos outros seres que podem se espelhar no seu exemplo maléfico, sendo assim, responsável pela multiplicação do mal.
Prefiro achar que o maior sentido de se estar neste mundo é o de semear o amor, é desejar o bem, é plantar a bondade e a caridade ao próximo, mesmo que com isso não se consiga ter o poder!