Como poderia ser? Ninguém acreditava na possibilidade que ora se apresentava: Ele, já entrado em anos, ela, uma verdadeira fada. Ninguém se conformava com o estranho par, quem poderia sequer imaginar tal fato?
--Francamente!
--Que vergonha!
Quem poderia imaginar sequer que ele pudesse completar aquela formosura, com um par de olhos que chamava a atenção pela luminescência? Como poderia ser isto?
--Que palhaço: Ela tão jovem!
--Ele, um caco.
Então corriam os boatos do estranho inusitado, era um tal de diz que me diz, uma montanha de rumores azedos, quem haveria de imaginar que da diferença brotava o diamante?
--Ele deve ser o amante!
--Ela uma abusadinha!
Francamente, as pessoas não tem o que fazer, então inventam uma existência que releva o fato de que a Terra de fato não é plana e na sua obtusidade, tecem a mais intrigante teia de soluções mirabolantes, tudo para escarafunchar a felicidade do casal de pombinhos. Recriam uma atmosfera úmida e turva, como suas mentes obscenas que observam tudo com o ar crítico, um quê de controle comportamental, como se todos tivessem de se encaixar nos padrões medievais que ainda se esperam da unanimidade burra.
Enquanto isso, os dois observam o por de sol na praça, mãos dadas, ela de olhos lindos, ele ainda nao atingido pela curvatura do tempo; Esperam o milagre do sonho que realizam dia a dia e oram a graça de estarem presentes na última feição do dia pleno que se foi, e se beijam felizes.