Era como se fora sangrar, porém a dor era maior do que sua própria antecipação. Era como olhar as nuvens secas sem anúncio de chuva ou talvez como ver um precipício ressequido, sem luz, Ã beira de uma montanha sem árvores.Um existir não existido, um simulacro de um sonho encapsulado num passado distante, de onde as vozes - só ecos - ressoassem.
Seria então um poço sem fundo, donde da beira se mirasse o infinito pulo e num tempo sem tempo algum, se saltasse sem previsão para terminar a queda. Era como se fora outra era, bem menos que esta, sem tempero algum ou sem alguma espera, sem nada à frente nem nada ao meio, só a distància infinita a nos separar.
Era como se fosse uma fera sem dentes, triste e sem alimento, numa jaula sem grades e sem tormento; como fosse o vento fora da Primavera, um rodopio sem sentido, folhas secas de um Outono tardio. Seria como singrar um mar desconhecido, sem faróis a lhe guiar na noite escura bem próximo do grande rochedo, numa rota sem rumo dentro ao mar profundo, a bocarra a lhe espiar do estranho abismo.
Um mundo de distància e você ali, a esperar que ela se encurtasse por milagre, talvez obra de um deus benevolente ou de um estranho duende de dúbio sorriso. Seria talvez assim que se resolvesse sua lida; seria uma concessão do Infinito à sua vida. Era como se fora sangrar, empalidecido, a dor da espera a consumir as fontes de sua luz, porém a dor era maior do que seria de se esperar.