Pessoas há que não tiveram, na vida, um carinho verdadeiro. E isso, na fase adulta, repercute bastante. Às vezes, tornando-os verdadeiros "monstros da sociedade". Pois, a não satisfação de seus anseios, leva o indivíduo a procurar formas de chamar a atenção, o que o fará das formas mais inusitadas possíveis.
Conheço um cara que na fase de engatinhar, a mãe, muito ocupada, não queria ter trabalho de lavar os joelhinhos dele. Então, obrigou-o logo a caminhar. E achou uma vantagem muito grande, o seu filhote andar antes do tempo.
"Vejam, que gracinha! - Dizia ela a todos - o meu anjinho já anda e nem completou um aninho de idade! Vai ser esperto como o pai".
O menino, percebendo a alegria da mãe, começou a superar-se em tudo, para ganhar-lhe os elogios e festinhas, a cada progresso que fazia na sua miserável vidinha de "filho da mãe"...
Passou-se o tempo e na idade escolar apresentou sérios problemas de comportamento, pois queria ser o destaque da professora, tal como o era da mãe.
Todos se aborreciam, com aquele garoto mimado e chato, que não ouvia a ninguém, somente à sua própria vaidade de ser o "absoluto" em tudo. Na sua ignorància, ele não concebia que outras pessoas o superassem.
Ao completar quatorze anos, a mãe morreu num desastre de automóvel e ele ficou aos cuidados do pai, que nunca parava em casa, pois era um perfeito empresário de uma loja imobiliária.
Sozinho, sem ter quem lhe alimentasse a vaidade, ele sentiu que precisava comunicar-se com alguém. Então pediu ao pai um computador de última geração. O pai atendeu prontamente. Bucéfalo, era o nome dele, conectou-se à Internet e começou a navegar pelos sites. Os de cultura o atraíam, mais que os outros, pois as pessoas "apareciam", de certa forma, publicando poesias e textos produtivos. Bucéfalo pensou "Puxa... Vou escrever também. Só assim o mundo inteiro vai ver o meu nome nesta telinha e saber que eu existo. Talvez até minha mãe, lá do céu, consiga ler alguma coisa do que eu escrever. Vou inspirar-me primeiro, para ver o que eu consigo".
E assim o jovem Bucéfalo começou a consultar, desregradamente, os grandes: Goethe, Shakespeare, Tchaikovsky... E inebriou-se com os nomes. Beethoven lhe subiu à cabeça. Foi o nome que mais lhe chamou a atenção. Nomes com letras tão misturadas, que ele nem pronunciar sabia. Mas, por isso, mesmo é que ele ficou fascinado.
Hoje, Bucéfalo conseguiu o que queria. Esqueceu-se da mãezinha, lá no céu e vive navegando pelos sites, publicando as suas "obras-de-arte" que, diga-se de passagem, não devem nada aos grandes. Ao contrário: Tornou-se o escritor mais lido de um mural internético, que, se não me falha a memória, chama-se "ESQUADRO DE PISOS", de um site com um nome interessante:
"USURPINA DE LETREIROS".