Quando ela me olha assim, desmesurada, as pupilas dilatadas e as narinas aprumadas para meu rosto, num compasso de espera lenta, uma fera no preparo do bote que dilacera minha pele mastigando meus ossos com sua desfaçatez de indisfarçável corça comendo as fibras dos brotos da vegetação rasteira e ela me fita assim, rampeira, um balançar de cabeça matreira, os olhos num desafio e o meio sorriso nos lábios cheios de desejo e sedução e me põe a mão no ventre com seu calor subindo em minhas vísceras, com os pelos misturados aos meus, num solavanco retribuído
Quando ela me diz assim de sua vida, num lindo sorriso de fada, com suas mãos macias de mágica e gozo e num uníssono gritamos, em meio ao calor da fúria do desejo, só assim os dois e mais nada nem ninguém e berramos nosso prazer e marcamos um encontro com a vida e o desejo se sobrepõe aos espessos corações de trevas que querem impedir nosso sonho e o Estige permanece absorto sob a Esfinge e o sol
Eu penso :será um Oceano que se condensa em um segundo ou um poço sem fundo que se apossa dos dois, numa ànsia de espaços que se adentram, em curvas, cores e sons estranhos ou será puro merecimento?