Você caminha e as esquinas surgem sujas de mãos ocas, a seiva da miséria nos muros furados e as meias furadas dos aventureiros das esquinas e os faquires do além cobram seu preço em sangue
Seu desejo espera passar o próximo ponto e faz-se sentir a noite nos lábios das mal-dormidas mulheres penduradas nas lotações ruidosas que fazem o percurso do Nada para o Lugar Algum
Você caminha no calçamento arrancado pelas ventanias dos séculos de maus tratos, tropeçando em montes de escória e restos de um despacho escuso, ruminando no escuro quando vai ser sua vez
Seu amor espera a próxima vinda do Messias que prometeu e não cumpriu nada e espera com ardor quando será a sua vez e a dela esperar mais além da quimera, quando
E você espera olhando no espelho vendo seu rosto ruir e os poros se espalharem na superfície prateada da lua que se abre e ela o olha exclamando: Já viu a Lua hoje?
Você caminha no clarão prateado e sua sombra se confunde com as dos faquires amestrados e os caubóis do asfalto que se esmeram em matar a própria esperança no suingue das ruas, quando
Você caminha de mãos ocas no escuro, ruminando as dores de sempre, de meias furadas e cobra o seu preço em sangue e seu amor vê ruírem suas esperanças enquanto a Lua
Quando vai ser a sua vez? Vai esperar passar o ponto? Já viu a Lua hoje? O Messias veio?
Você caminha sobre os séculos de folhas arrancadas por eras de esquecimento e o asfalto cheio de nervuras, sobre milênios de espera e sua fera interior se agita, portanto
E seu desejo se espelha na primavera que se esvai na prata do cristal que se parte, em seus poros que se confundem com os dela numa profusão de odores e você se esvai em sangue e semente, anda sobre o abismo perfeito e rumina as ocas previsões
Quando