Sou torcedor do Fênix. Sabe lá o que isso representa?
Como bom mineiro, deveria torcer pelo América, Atlético ou Cruzeiro. Nunca fui vascaíno, corintiano ou outra equipe de cidade onde minhas raízes não alcançaram, como muitos por aí.
Há alguns anos, quando ainda morava em Belo Horizonte, falava-se que a torcida organizada do América Futebol Clube vendera seu ónibus. Comprou uma Kombi. Pois quando o Fênix foi fundado, em 1995, sua torcida ia de moto, uma CG 83.
Com a evolução dos grandes clubes, que têm torcida em todo o País, tenho receio de, em pouco tempo, passarmos a vestir a camisa e a bandeira com as cores e logomarca do patrocinador e, ao invés de gritar Botafogo! ou GALÓÓÓÓ!, entoarmos em coro: Popa Pola! ou Carmalat! Se isso não seria o fim do futebol, seria a mais ridícula paixão. Já pensou? Ao invés do torcedor ganhar para fazer propaganda das empresas, pagar para isso!
O Fênix é uma das melhores equipes que disputam o campeonato de futebol promovido anualmente pela ASTRISUTRA, Associação dos Servidores do TST, tendo alcançado o terceiro lugar na sua estréia, foi bi-campeã, teve um vice-campeonato e um lamentável quarto lugar. E sempre são mais de dez times concorrendo.
Poderia torcer pelo Gama mas ainda não tenho essa intimidade toda com o Distrito Federal.
O futebol tem evoluído muito. Já não há manifestações espontàneas de craques como Dadá Maravilha, Dario Peito de Aço ou, simplesmente, Dario, que antes da partida anunciava que gols marcaria. E dava nome a cada um deles. Hoje, a equipe de márquetim do patrocinador é quem determina como será comemorado o eventual gol. Cada jogador traz lá seu "improviso" sob a camisa oficial e deverá apresentar sua performance em frente a um placa de publicidade previamente determinada.
No Fênix, não se conhece um craque. Quem é conhecido são os jogadores que formam a base da equipe. Os mesmos desde o início, como as outras que participam do mesmo torneio. De menos de vinte a mais de cinquenta anos de idade.
Ano passado, Romário era o ídolo dos flamenguistas. Este ano, tornar-se-ão vascaínos ou irão odiar seu ex-ídolo? Também não temos notícia de jogador que, sondado por alguma equipe, deixa de participar de uma partida importante contra ela sem motivo justificado. O que à s vezes acontece é alguém do grupo ligar de casa, quase na hora do jogo, avisando que a esposa arrumou serviço doméstico para ele e não poderá jogar.
Além disso, você já saiu, após uma final de campeonato, para comemorar com os atletas do seu time? Você já foi convidado pelo Luizão para um churrasco na casa dele? Você já foi cumprimentado pelo Dida na rua? O Felipão ou Wanderley sabem seu nome? Poxa! Que merda de time é esse pelo qual você torce.