Encontrei-te nos recónditos mais longínquos de meu pensamento, onde, Ã s vezes, o meu coração não consegue penetrar... E foste para mim, mais do que um mestre... um amigo... um irmão... talvez.
Vejo-te na relva orvalhada da manhã de outono... No canto puro dos pássaros livres, a voar no sol da manhã Ã procura de alimento. Na meiga açucena que floresce no fundo de uma gruta, solitária e triste... Vejo-te na nuvem que alvoroça a chuva e reverdece os pastos. E no gado que a seu tempo rumina o alimento, na calma de um celeiro...
Vejo-te, enfim, em cada gesto de amor... Cada nesga de luz que atravessa o infinito e vem infiltrar-se nos teus olhos, de onde deságua a mais cristalina lágrima, por uma saudade dolorida...
E nesta hora tardia, eu te relembro: nossas abluções de luar na calçada... Pedíamos, mudos, que o tempo parasse e se eternizasse ali. Só não sabíamos dizê-lo com simples palavras; nossas faces rubras, e afogueadas, falavam por nós.
Passou-se o tempo... Continuamos "não falando" o que sentíamos. Fomos deixando passar... Até que um dia, pela natural imposição da vida, nossos caminhos tomaram direções diferentes e fomos em busca de outros luares, ouvir o canto de outros pássaros... Porque, aqueles, os de antes, emudeceram... emigraram, levando a melancolia de uma rica saudade.