Não sei, apenas sinto. Estava tão distante, e assim, agora tão perto o toque parece mais difícil. E me calo, engulo amargamente palavras que sairiam tão fáceis, e me seguro; tolamente. Você tocou fundo, sem nem sequer saber. Em meus silêncios pronunciados me declaro olhando, e me invade uma sensação justificada, que de tão sólida se desfaz no ar, como fumaça de cigarro. Você que possui todos os sorrisos do mundo, um olhar astuto e uma delicadeza sagaz. Você, menina, que me descontrola e me faz teorizar equações emocionais perfeitas. Faz-me ver que ainda vale a pena. Posso te prometer minha mais sensível e intensa poesia, mas seria pouco. Posso te prometer meu mais desarmado sorriso e minha mais sublime forma de amar, mas seria pouco. Posso te prometer o céu, o invisível, um sem fim de possibilidades e um abraço apertado, meu mais despretensioso afago, mas seria pouco. Por isso não te prometo nada, porque o avesso disso é controverso, e é quando encontro o verso que me invento. Queria te descobrir sem querer, assim como quem esbarra em algo e percebe, e vê. Eu te vi, eu te vi até demais e quis ficar ali. Às vezes tenho vontade de te pegar no colo e te proteger, outras vezes, só aprender. Nunca peça razão a quem sempre só agiu com o coração. Teorizar demais, atrapalha quase sempre. O porquê disso? Eu digo, e porque não? E foi vindo aos poucos, não se de onde, nem quando, só sei que veio e já não podia mais lutar contra. Eu aceitei. Eu quis aceitar. Eu escolhi assim quando tive a chance de lutar. Já não quis mais me privar de sentir. E por você, minha querida, eu sinto demais, eu sinto além; desculpa, sinto muito. Amar é a forma mais honesta de estar vivo. Não sei se era hora porque há tempos perdi o relógio da lógica. É contumaz, e quanto mais, melhor. Não sei esconder, não sei justificar, não sei não sentir, simplesmente não sei mais. Sua presença ilumina, e meu coração incandescente, suplica. É meio atroz, mas não se desfaz. Talvez eu queira o impossível, mas nunca soube querer menos que isso. Só gostaria que descongelasse o visível, que o resto eu aqueço. Não sei ser menos, ou meio termo, ou do porque sê-lo. Apenas vou sendo, e você me faz ser inteiro. Juntando meus pedaços, meus cacos espalhados no passado, você consegue me fazer fixar um reluzente sorriso nos lábios. Não quero sua resposta agora. Quero com isso que apenas entenda o que em mim aflora, e insiste e persiste e sempre vence. Sei que não sou seu primeiro amor, mas talvez eu possa ser o seu último. Não tenha medo de me dar uma chance. Diga-me algo mais absurdo que descobrir se acertamos ou erramos através do tempo e não através das tentativas. Amanhã não vou te querer como hoje, e ontem não te quis como agora. É tudo instantàneo e voraz, como a vida que a cada segundo um pouco mais se desfaz, eu apenas tinha que te dizer. E disse minha amada, e disse.