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Cronicas-->A MÚSICA -- 09/09/2009 - 20:07 (thiago schneider herrera) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A música vinha de longe, quase inaudível, parecia ser um jazz triste saindo de um trompete, vindo talvez do vizinho, ou da rua, ou das estrelas. Era como uma brisa sonora, suave. Era final de tarde, o céu pintado displicentemente de um laranja avermelhado e turquesa, e o sol, o pintor, ia morrendo silenciosamente no horizonte e nascendo silenciosamente em outro lugar, pintando lá a manhã. Ela lia Clarice na varanda bebendo vinho tinto, pernas cruzadas balançando uma delas sem perceber, chinelo pendendo entre os dedos querendo cair. Às vezes sorria, lábios rubros de vinho brilhavam junto ao pór-do-sol que explodia em sua face, transformando a cena teoricamente normal em uma cena de beleza comovente. Seus movimentos pareciam perfeitamente sincronizados com tudo o que se movia no Universo. Encostei-se à parede bebendo café quente, e fiquei absorvendo um visível encanto que flutuava no ar, que deslizava tranquilamente por todas as quinas. Cheguei a não acreditar. De súbito me vieram á cabeça poesias de Neruda que falam sobre o mar. Silencioso era o tempo que se despegava e de repente tudo transitava na velocidade da rotação da Terra. Levou o copo de vinho á boca mais uma vez e sorriu olhando agora fixamente o sol a se esconder. Eu continuava encostado na parede, suplicando a paralisação imediata do mundo, do tempo, da imagem, das sensações, da temperatura ainda quente do meu coração e do café que bebia. Sol posto, e eu submerso no misterioso instante de transição, equilibrado na linha em que não se sabe dizer se já é noite ou se ainda é dia. Eu sabia, ela era linda em demasia sem que soubesse. Era natural, coisa rara, seu brilho era de uma intensidade clara e o aroma uma mistura floral. Fui tomado por algo maior que só podia ser amor. Andei lentamente em sua direção, ela ainda nada percebia, nem imaginava que eu tinha visto, ela beijando o sol, a imagem mais linda de minha vida. Eu andava, caminhava devagar e sucumbia. Parei ao seu lado em pé, mão a acariciar sua orelha, silêncio, poesia, verdade intocada enquanto o tempo se desfazia. Sentei no chão, bebi o último gole de vinho que brilhava no copo, e só naquele momento pareceu sossegar meu coração. _Onde estava? - perguntou. _Estava aqui do seu lado. Eu sempre estive aqui! - respondi. Ela riu, não entendendo bem. Eu tão pouco entendia também. Mas não queria entender. Apenas queria sentir e ser. E se ser fosse ser sempre aquilo que naquele instante foi, eu queria pra sempre ser o que fui naquele instante. Somente a olhei nos olhos e sorri, não encontrando nenhuma palavra que pudesse descrever o que senti, o que sentia. E que por tudo aquilo que sentia e senti, acredito que eternamente sentirei. Ela veio sem querer e se instalou num lugar nobre de mim. Queria pedi-la pra nunca mais sair dali. Porque ali, como sentada na varanda em frente ao pór-do-sol, acredito que seja seu lugar mais perfeito. Acredite...

T.S.H.

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