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Cronicas-->Belle Époque, a Sétima Arte de volta ao passado -- 11/10/2009 - 11:39 (LUIZ ROBERTO TURATTI) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




A História do Cinema em Araras-SP (1 de 3)

Belle Époque, a Sétima Arte de volta ao passado


Alcyr Matthiesen


A lanterna mágica em tempos idos iluminou as noites ararenses e deixou muita lembrança na mente tanto dos mais idosos, como nas últimas gerações. Como as brumas do passado apagaram os primórdios de um século do cinema em Araras, vamos reavivar a nossa memória a partir do saudoso Theatro Apollo, que por mais de 20 anos ainda é lembrança para os mais idosos. O saudoso jornalista e radialista Cardoso Silva, numa antiga publicação do século passado detalhava as noites ararenses da famosa casa de espetáculos, quando seu último proprietário, Clementino Zacharias, às 19h30, soltava três rojões para avisar que a sessão ia começar.

O Theatro Apollo exibia a pompa das grandes casas de espetáculos da Capital, pois as artes estavam na fase de ouro da Belle Époque. Uma grande porta dava entrada ao salão e as janelas laterais todas enfeitadas nas bordas das molduras com làmpadas, uma ao lado da outra, já eram um convite para os espetáculos. O salão tinha 26 frisas e 400 cadeiras voltadas para a tela grande e alva, onde o Juca França molhava com um balde antes do início da sessão. Os músicos ficavam na frente, logo abaixo da tela e formavam a Orchestra do Theatro Apollo, enquanto os rolos de filmes mudos eram projetados sobe a regência do maestro Francisco Paulo Russo, o qual hoje empresta seu nome para o nosso Teatro Estadual. Cardoso cita alguns nomes dos que tocavam na orquestra: Albertina Quenzer, Odete Quenzer, Isaura Scian, Noêmia Luz e Ângelo Consentino tocavam violino e Rosa Chagas piano. Manuel Mathias Figueiredo (Manéco), tocava violoncelo.

No saxofone, Eugênio Ruegger e, no clarinete, João Russolo; meu tio Oswaldo da Luz tocava piano, mas às vezes revezava no pistom com seu irmão Aristides Luz e um músico chamado Anselmo. Na bateria, Paulo Américo Russo e, mais tarde, seu irmão Aldo Russo. O pai Francisco Paulo Russo, também era mestre do contrabaixo e fazia as vezes de maestro e o Adriano Lépore, conhecido por Nuche, tocava flauta. Para esticar a tela, torná-la alva, quando ia começar a fita as luzes eram apagadas e a lanterna mágica começava a projeção, inicialmente com o cast escrito em inglês.

Durante a semana os músicos assistiam ao filme antes da projeção e ensaiavam as partituras conforme o desenrolar das cenas, pois as mesmas eram mudas. Assim, em cenas romànticas tocavam músicas lentas, como La Traviatta, por exemplo. Nas cenas de ação, as músicas eram vibrantes e rápidas, como Cavalleria Ligeira. Como as fitas vinham em partes, as luzes acendiam para um rápido intervalo, quando o projecionista fazia a troca dos rolos, pois na época só havia um projetor, mas a orquestra não parava.

Tempos depois, Oswaldo da Luz tornou-se maestro, casou-se com minha tia Áurea Dardes, de Piraju, e formou sua própria banda para tocar num grande cinema em Espírito Santo do Pinhal, levando consigo o irmão Aristides e Paulo Américo Russo.

Cardoso Silva acrescenta, ainda, que o Clementino Zacharias era pluriapto, uma vez que abria o cinema, soltava os rojões, vendia os ingressos e fechava o prédio após o término da exibição. Diz, ainda, que era o último cinéfilo a deixar o salão, quando acompanhado da esposa voltava a pé para casa, levando uma valise com o dinheiro e os ingressos que sobraram. Os idosos de Araras e região ainda se lembram dos galãs Rodolfo Valentino, Ramon Navarro, Theda Bara, Póla Negri, Tom Mix, Me West, Arold Loyd e muitos outros. Os velhos saudosistas devem se lembrar de Valentino em Sangue e Areia, Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse e muitos outros de Chaplin O Garoto, Vida de Cachorro etc.

Mas o Theatro Apollo, mesmo fechado em 1929, com a chegada do cinema sonoro não parou suas atividades. O maestro Francisco Paulo Russo era incessante tanto na regência de orquestras e bandas, atuava também em teatro amador, companhias de revistas, eventos solenes etc. Continuou trazendo público para o velho cinema com bailes que marcaram época. Bem mais tarde, foi rinque de patinação e o Restaurante Tio Patinhas.

Os músicos do Apollo foram embora e a maioria mudou-se de cidade para tocar em bailes e saraus. Agora, todo mundo só comentava sobre em cinema falado e com a falta das exibições do Apollo o público aguardava a conclusão do grande cinema chamado Theatro Santa Helena, que estava com as obras no final, graças ao empresário Gerólamo Gaino. Sua inauguração ocorreu no ano de 1930, mesmo com o mundo passando por uma grave recessão que abalou a economia em 1929. Contudo, um novo tempo estava começando e muita novidade estava por vir na sétima arte.

Alcyr Matthiesen é biólogo, professor universitário aposentado e historiador de Araras, nossa cidade natal.

Fonte: OPINIÃO JORNAL, Araras (SP), Sábado, 10/10/2009, Página 1B.


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LEIA TAMBÉM:

Theatro Santa Helena, o Cinema Paradiso (2 de 3)

O Cine Araruna, o maior de uma época de ouro (3 de 3)


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"Fora da VERDADE não existe CARIDADE nem, muito menos, SALVAÇÃO!"

LUIZ ROBERTO TURATTI.



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