Imagine você mergulhado numa piscina, com pesos amarrados em seus pés estando, cada vez mais, afundando, afundando, vendo a figura borrada de uma pessoa de branco fora d`água, falando com você, gesticulando, perguntando, aguardando...
e a ação, ou pelo menos o esboço de uma ação, uma atitude mínima que seja de socorro ou alívio do sofrimento, que tanto você espera angustiadamente, não chega.
Existe sim a frieza ao redor, o silêncio apático, a passividade eloquente lhe arrebatando o espírito, incrementando ou até sobrepujando o sofrer de outrora, capaz de tornar o frio chão da piscina, onde a luz se deixa vencer pela treva, em destino querido, no qual pelo menos se tem a certeza de que a dor se esvairá.
Eliezer Luna Alencar Feitosa, 2003.
Metáfora acerca do infortúnio sofrido por muitos pacientes de condição sócio-económica precária em busca de solução ou alívio de seus agravos de saúde em hospitais públicos.