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Cronicas-->ARCTURO 38 -- 01/01/2010 - 10:14 (Walter da Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ARCTURO 38
aos netos ARTHUR e RENATO

Há algum tempo, no último dia do ano, escrevo num diário, os fatos que ocorreram nesse dia. Não sei exatamente o propósito, mas me é prazeroso fazer. Nesse último ano de 2009, novamente abro a escrita anterior, guardada devidamente durante todo o período e começo a reler o que relatei. A sensação de retomar aquele instante anterior e tomar conhecimento dos itens do último dia do ano, impressionam-me por um motivo: que nossa memória de um ano é tão frágil quanto a de uma década. De fato e rigorosamente, só nos lembramos, na memória randómica, do que realmente nos tocou, mudou nossos rumos ou alterou o bias de nossa reflexão sobre o mundo e as coisas que nos rodeiam.
O vulgo diz que nos lembramos apenas quando somos vítimas. "Quem bate esquece, quem apanha se lembra". Hoje, primeiro dia do ano de 2010, retomei o hábito cotidiano e caminhei durante uma hora e dez minutos. É verão no hemisfério sul e sói ocorrer vez em quando, uma chuva boa, passageira mas eficaz em seu último objetivo.
No retorno à casa, já bastante ensopado, encontro-me com um ciclista que grita do selim: quem diria que ia chover hoje??? Nada respondi mas entendo perfeitamente que, para alguns, a chuva é enviada por alguém possuidor de um grande chuveiro central a quilómetros de altitude.
A estrada deserta e apinhada de gotas minúsculas me conduz ao meu verdadeiro estado: dono de tantas perguntas e nenhuma resposta. A periferia é a mesma: os pássaros buscam alimento, o verde se torna mais viçoso, as pessoas varam a madrugada, na esperança de que serão mais felizes, a despeito de não terem acertado as dezenas da mega-sena da virada do ano. Mera ilusão. Sinto que estou feliz no balanço que faço e nas anotações de fim de ano. Sinto e percebo claramente, que devo ter sido útil, ao menos a um réptil, belo e rastejador, que salvei de um iminente golpe de ciscador, involuntário, do rapaz que me limpa as folhas do ambiente onde vivo. Fui chamado por ele e apanhei com cuidado o animal não peçonhento, devolvendo-o ao seu habitat. Maria Antonieta, a bela rã que mora na cozinha de minha casa, lá estava saltitante, indiferente à passagem do ano, mas atenta ao périplo dos coleópteros e lepidópteros que nos visitam.
O quarto está arrumado; a biblioteca livre da poeira dos dias e plena dos livros que li e reli durante o ano todo. A rigor, procuro o sentido supremo do que seja esperança e liberdade e quero abrigar ambas comigo e reparti-las com o próximo. Mas, ignorante, ainda não sei aonde ir, embora, em minhas elucubrações, planeje embarcar no novo período, com dois pés firmes e uma mente livre de aleivosias mesquinhas. Assim me dou conta de que suponho a que realmente vim. A propósito, Arcturo é um corpo celestial, que dista a 38 anos-luz de nós; um trajeto que jamais poderemos fazer, ao menos fora de nosso delírio.


WALTER DA SILVA
Camaragibe, 1° de janeiro de 2010
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