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Cronicas-->Emoção (*) -- 03/02/2010 - 13:40 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Emoção (*)


Filha querida:


O soneto que, por telefone, eu tentava transmitir ontem não saiu completo; o aparelho apresentou defeito na hora. Surgiu a oportunidade porque eu tinha acabado de declamá-lo para a mamãe, que nem se lembrava da sua existência. E ela foi, sim, minha primeira namorada, pra valer!


Quando vou lançar livro, preocupo-me em percorrer todos os outros para não repetir algum escrito. Assim, estava no escritório revendo-os para evitar a duplicidade. Tive uma surpresa, no meu próximo (Fibra), que já deveria ter saído, ele figurava. Retirei-o uma vez que já se encontra no Reminiscências, página 71.


Em síntese, desejei demonstrar-lhe que o poeta não só escreve o que sente com relação a si; sonha e cria figuras diversas. No caso (e você sabe muito bem), nunca fiz coisas semelhantes às que a sofrida personagem experimentou na existência. Na realidade, na época, 1965, quando o rabisquei, não havia completado 20 anos nem tinha namorada nem pensava em ter. Preocupavam-me: estudos e trabalho. Não me queixo. Foi bom. Aprendi a dar valor às coisas: 10 minutos eram valiosos, e procurava aproveitá-los da melhor maneira possível.


Com salário pequeno, mal suportava as despesas de rapaz. Ler jornal era luxo dos meus colegas mais bem aquinhoados. Nem por isso ficava alheio aos acontecimentos (poucos, claro, mas interessantes) que o rádio transmitia pela Voz do Brasil. Enquanto tomava banho para ir à escola, ligava o rádio e ouvia tudo o que podia. Passadas muitas décadas, até hoje tenho esse hábito: sempre escuto esse programa, que informa, enobrece e alegra.


Recordo-me com saudade e agradeço a Deus que me proporcionou trilhar o caminho da leitura. Aos sábados, depois de cumprir o meu expediente de trabalho bastante cansativo, passava horas nas livrarias a escolher os livros que poderia adquirir: lógico, poucos cruzeiros (era a moeda daquele tempo) para dividir em pelo menos dois exemplares. Sem dúvida, comprava sempre mais de um, cujos assuntos estavam intrinsecamente ligados ao aspecto económico do consumidor em detrimento da qualidade literária.


Tudo passou. Parece um sonho. De minha parte, só gratidão.


Beijos, com o carinho do papai. Até breve!


Transcrevo a seguir os versos causadores desta pequena crónica:



Lunático (*)


E quanto te esperei? Quanto te quis?
E tantas noites frias, num boteco,
Permaneci bebendo qualquer treco,
Na ilusão de buscar sonho feliz!


Do património todo me desfiz.
Sem encontrar em ti resposta ou eco,
As garrafas gentis procuro e seco;
Torno-me, cada vez mais, infeliz.


Perdi dez anos (mais talvez!) de espera,
Na crença de que um dia transformasse
O meu outono (triste!) em primavera.


Simplesmente paixão. O nosso enlace
Jamais ocorreria. Foi sincera.
Que num outro projeto eu não fracasse.


_________

(*) Brasília, DF, 17/06/1965.














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