Por falar em dinheiro na meia, bolas, ganhei bons trocados com futebol. Era comum um torcedor pór pelega de cinco na minha meia, um "cão", como se dizia, enquanto era abraçado por ter feito um dos meus muitos gols, sempre lançado pelo meia Jorge. Tempo de futebol de várzea.
Beiravam o campo, além da torcida, o funcho, a arnica, a arruda, o araçá, o murici, a marmelada-cachorro. E o cheiro de todos e de tudo isso, os chás antes dos jogos, nos levavam à s vitórias. Raramente desistíamos. Apesar de darmos bons exemplos, jamais nos candidatamos e, nunca, ninguém nos escolheu pra nada do Departamento de Futebol Amador da minha querida Beló.
Ricardo Teixeira nunca passou nem perto de um campo de futebol amador, nunca teve nem um "chihuahua" na sua meia, e nada sabia de futebol profissional. Mas João Havelange, seu sogro, o escolheu. Hoje, Ricardo Teixeira, assessorado pelo diretor das competições, Dr. Virgilio Elísio, é vitorioso presidente da CBF.
Dunga nunca se candidatou a nenhum cargo de técnico de futebol; desdenhou todas as vagas depois que se aposentou dos gramados. Ricardo Teixeira o escolheu! Com Jorginho, ganha muito respeito, sem AVC, desde que assumiu a seleção brasileira, ainda que comande pés-de-obra desqualificados.
Dilma jamais se candidatou a nenhum cargo público eletivo. Lula a escolheu! Precisa de um "jorginho" pra compor outra dupla vitoriosa. Quem será?
Serra, sob marcação cerrada, deveria resguardar-se e encerrar o assunto. Por paralelismo, poderia escolher outra pessoa, desde que esta nunca tivesse se candidatado a nenhum cargo eletivo, e que tivesse um forte padroeiro como auxiliar. Quem seria? São Jorge? Mas, agora, nem banho de arruda em nada ajuda.