Primeiro dia de estágio no Amazon Sat - um canal temático da Amazónia - na produção de um programa ao vivo. O diretor, pacientemente, tentava me explicar a utilidade de tantos botões, com a pressa peculiar de homem de TV.
Junto comigo, um cinegrafista recém-formado enfrentava as càmeras, no estúdio, também como estagiário. Ambos ansiosos pelo acerto. Mal o conhecia. Na verdade, nem sabia seu nome. Apenas compartilhava a expectativa do sucesso.
O diretor me pediu que testasse o microfone de lapela. Da sala de operações, tinha certeza de que haveria um botão (maldito botão!) para me comunicar com o estúdio. Meu colega estava lá. Ouviria minha voz e me ajudaria. Mas tinha medo de apertar errado e comprometer a transmissão.
Observando de relance minha hesitação, o diretor gritou:
- Fala com o "tic-lic".
Avidamente relanceei os olhos pelas legendas dos botões no painel, Ã procura desesperada desse botão, cujo nome não havia reconhecido. Corajosa, decidi perguntar:
- Que botão é esse? Onde fica?
O diretor sorriu de minha pergunta. Relaxei, julgando que seria compreendida em minha dúvida. Em tom de troça (bem-humorada, é bom dizer), o diretor me respondeu que Tic-Lic era o apelido do cinegrafista. Ao mesmo tempo, indicou o botão correto e deu início ao teste.
Bestificada - em ambos os sentidos -, constatei que sempre temos muito para aprender. A humildade é importante; o humor, fundamental. Mas nada sobrepuja a constante ànsia de saber, de perguntar, de conhecer bem a equipe. Vai evitar deslizes como o meu. Afinal, apertar um botão por engano pode levar o mundo pelos ares.