Foi ontem à noite que escrevi o texto da velhinha que telefonou. Depois fiquei pensando nela e em seus devaneios... Sua cabecinha (certamente por causa do maldito Alzheimer) voltou lá pra trás, para uma época em que isto seria quase impossível. Imagine uma moça telefonar para a casa dos rapazes! Pensei na cara da minha avó... e na indignação das minhas tias!
E ela, a danadinha, deve ter pensado justamente o contrário. Agora é que é bom, a gente pode ligar pros amigos, paqueras ou namorados sem problema algum. As jovens não fazem isso todo dia? E de qualquer lugar, com esses celulares...
Tanto pensei nela e nos "rapazes" que tive o troco: um tremendo pesadelo! Tio Janjão, o mais velho dos três irmãos, apareceu vestido de terno e gravata (como sempre), pegou minha mão e disse bem alto, olhando fixo pra mim: EU ESTOU V I V O!
Morta (quase literalmente) de medo, tentei me desvencilhar, puxei a mão. Mas ela não desgrudava, ele a apertava com muita força.
Acordei gritando SOLTA A MINHA MÃO! SOLTA A MINHA MÃO!
Vai ver, ele não gostou de eu não ter dado o telefone dele pra Maria...
Mas como diz uma sobrinha, lá do outro lado os celulares não pegam, não tem sinal...
