Só tempestade posta
Em pingo dágua;
Descompasso de idéias,
Ela dizia;
Uns cigarros fininhos
Que chegavam
Por mãos ocultas,
Sem ferir a vista.
Melhor seria ter
Mais presa a língua;
Não sendo mister seu
Meter bedelho
Onde as sombras
Com manto tenebroso
Cobriam a face
No melhor segredo.
Afirmava ser contra
A coisa ilícita
Com trànsito livre entre
Os lençóis da cama.
Difícil era explicar
Os papelotes
Talvez ali postados
Por engano.
Mas a gestora mão
Não permitia
Vazamento ou goteira
Em suas calhas.
Era um risco que
Chuvas deste gênero
Caíssem pelas fendas
Dos telhados.
Jurou desesperada,
Arrancou lágrimas,
Pondo a inocência
Sobre um pedestal.
Mas arrastada foi
Com austeridade,
Presa entre as garras
Dos leões de chácaras.
O anjo bom que estava
De passagem
Ao assistir àquela
Cena rude,
Discordou desses
Métodos insólitos
Da mão austera impondo
Os seus abusos.
Samaritano
Sem constrangimento,
Afeito a oferecer
Os gestos largos,
Acolhe aquela história
Sob a crença
De que essa argila
Seja um novo vaso.
Não conseguiu.
Devia estar no sangue,
Nas entranhas
Profundas do caráter;
O barro tinha falhas
Substantes,
Remanescentes
Das feições atávicas.
E a mão samaritana,
Desprendida,
Que oferta o ombro
Sem pedir retorno,
Percebe que a tormenta
Quando é forte,
Os ventos solidários
Perdem o fólego.