Ontem, quando saí para almoçar, encontrei na rua mulher com 3 crianças, todas pequeninas e com aspecto faminto. Ela, como todos fazem, pediu esmola. Na verdade, não havia saído com dinheiro. Disse-lhe: na volta dou um trocado.
No restaurante modesto, comi o pouco de costume, apenas suficiente para alimentar-me. Enquanto comia, pensava naquela figura: deve estar com fome e os seus também.
Faço um prato 3 vezes maior do que o meu (arroz, feijão, linguiça, mandioca, batata, milho verde, angu e abóbora), levo-o e entrego a ela - que agradeceu muito, mas nem precisava: compensou tudo eu ver os olhos dos pirralhos brilhando de alegria e dizendo: "Mãe, é pra nóis?..."
Seu nome? Não perguntei. Não importa. Era Natal!
Em casa, com todo o sentimento, fiz esta pequena poesia:
Natalina (*)
Só fome
Consome
A pobre
Medonha.
Na rua,
Desnua,
Não cobre
Vergonha...
Se passo,
Um maço
De pão
Lhe entrego.
É triste,
Existe
Irmão
No prego!