Relato de uma avó a seu melhor amigo sobre ocorrência que ela julga abominável.
No intuito de amenizar a situação, o confidente escreve estas linhas ao provocador da situação constrangedora:
Prezado demóstenes, a Silvana contou-me o que houve. Horrível e inaceitável. A Teresa tem situação muito diferente da do Cristóvão; precisa, pois, de muito carinho para afeiçoar-se a você: não será com pancadas e estupidez que a educará. Não é a primeira vez que faz isso e coisas semelhantes. Já presenciei outras cenas igualmente deploráveis.
Noto muita distància, nas poucas vezes em que encontro você com a Teresa. Pode ser até involuntariamente. Cuide-se. Isso pode aprofundar-se, sem que se queira.
Eduque-os. Julgo supernatural. Mas com amor, ternura e castigos suaves e didáticos. Se tiver de repreendê-los, que o faça no momento oportuno; jamais na presença dos amigos, que em nada contribuem para que sejam de um jeito ou de outro.
Será por que eu vou tão pouco em sua casa? já procurou saber? reflita sobre isso.
Entendo que você deve desculpar-se com a Silvana, para o bem de todos. Lembre-se: nenhuma pessoa faz um quinto do que ela, abnegadamente e com prejuízo de muitas atividades, tem procurado realizar por você.
Estava sem poder dirigir. Tinha de fazer um exame complicado. Não queria estar só. Não quis incomodar conhecidos. Ela, priorizando você e os filhos, deixou-me sozinho e com Deus. Pense nisso...
Após um dia de trabalho e de muitas dores de cabeça (você sabe muito bem o que ela executa durante o dia), quando vai deixá-los alegres, limpos, nutridos, como agrecimento, recebe do pai deles nefasto agradecimento: uma desfeita que deve ser reservada para os inimigos.