Agora Leína está mais calma. Não, ela não precisou de ansiolítico na veia, mas comprou uma camisa de força e contratou sua empregada para vigiá-la, quando ela for enviar e-mails, a moça entra em ação.
Recobrou a lucidez após cair na estrada ouvindo boas músicas(algumas nem tanto). Isso a ajuda. Fica consigo e mais ninguém. Recupera o valor que tem. E para ajudá-la ainda mais, hoje tem teatro. Leína fica muito feliz quando vai ao teatro! Mas isso é assunto para outro texto que ela pretende escrever já faz um bom tempo, entretanto, não consegue ainda nomear as indescritíveis sensações que o teatro lhe provoca.
Enquanto fazia terapia, fervilhou o cerébro com ideias para colocar no papel... como? Além da rapidez com que as ideias vinham ela estava dirigindo. Impossível fazer notas. Perdeu-se tudo! Mas não está preocupada com isso. Talvez as melhores ideias sejam para ficar trancadas em seu pensamento, jamais grafadas ou ditas.
Fica-se, por enquanto, com essa mulher precipitada no caos, como diz Drummond no poema Quero, escrevendo com simplicidade suas valorosas emoções.
Pensa no quanto ainda é menina... Pedir ao arco-íris que lhe realize um sonho... é o cúmulo da ingenuidade!
E ficam as duas, a mulher e a menina, olhando-se em momentos conflitantes. Travam uma luta. A mulher quer expulsar essa garotinha tola que lhe aparece dizendo que o mundo é tão colorido quanto o arco-íris para o qual faz seus pedidos. O problema é que ela vem quando Leína está com a alma cinza, brigando com a vida, tentando resolver sozinha o que não depende apenas dela. No entanto, após horas de conflito, é sempre a menininha forte e decidida que vence a frágil e sonhadora mulher.