Desde pequeno sonho em estar com as estrelas.Sei que somos matéria do mesmo pó que compõe o Infinito, sei que as forças imensas que estão envolvidas em nossa, em minha origem, estão além de qualquer entendimento e no entanto, tudo sempre me pareceu muito simples tanto quanto o fluxo contínuo de idéias ou tão claro como o céu no alvorecer. Desde pequeno eu almejo tocar as estrelas e foi minha avó quem me ensinou o valor de se contar as gemas que aparecem no horizonte, confiando no poder de meus olhos e acreditando no que é possível acreditar. Eu sempre soube ser tarefa difícil pois sempre esperei muito de mim mesmo, mesmo quando a luz me faltava. Nesses tempos minha avó não podia se chegar a mim até porque eu carecia de qualquer sentido, acabrunhado pela perspectiva de mais um ano frouxo, enxuto e ressequido. Não, definitivamente; era quando eu olhava a Sagrada Caixa, como eu a chamava, plena de tesouros acumulados por séculos de pilhagem(eu imaginava) e a abria, sempre esperançoso de que algum tipo de milagre se realizaria. Então, eu a olhava e percebia que seu sorriso doce abarcava também o meu passado e talvez todos os meus futuros ainda possíveis. Como dois olhos pequeninos como os dela poderiam saber da urdidura do destino, sendo que eu jamais mencionara algo sequer parecido? Daí, depois de fitá-la demoradamente, sentia sua anuência e abria minha Caixa de Pandora não sem antes reiventar a roda...Daí, da Caixa de Surpresas, saíam as gemas de meu porvir todo. Eu não precisava levantar meus olhos para o céu, se todas as estrelas estavam em minhas mãos.