Diante de tanto falatório em torno da "fada verde", e diante de meu apreço pelo goró, outro dia resolvi experimentar o tal absinto. Para quem não sabe, é uma bebida alcoólica (aproximadamente 70o a 80o GL), que é muito famosa na Europa. Associava-se o alto consumo dessa bebida à produção literária de muitos escritores do penúltimo século, em virtude das bebedeiras homéricas escreveriam pérolas da literatura.
Claro que a versão brasuca do trago é bem mais fraco, em torno de 55o GL, e houve toda uma polêmica em torno da liberação da bebida aqui no Brasil. Tinha umas "otoridade" dizendo que a bebida tinha substàncias alucinógenas e taus, mas no final acabaram liberando, desde que a versão brasuca fosse mais fraca da fada verde européia. Pó, maior discriminação...
Então que resolvi desembolsar os pesados 7 reais e 50 centavos prá provar a primeira dose. Os bebuns mais experientes nessa bebida dizem que ela tem que ser servida sobre um (ui!) torrão de açúcar numa colher (ai!) furada. Guapo meia boca, mandei servir no gelo picado mesmo, que de doce já basta o gosto de anis da bebida, bem suave por sinal. Doce sem ser enjoativo.
Já nos primeiros 3 goles me deu um brilho, diferente do trago comum, um brilho mesmo. Não sei se sou eu que sou fraco ou o trago que é forte, provavelmente os dois. Mas o principal motivo da minha degustação do absinto era de fato ver se o brilho da fada verde era tão fodão quanto diziam, e se após tomar uns birinaites eu já ia ficar rico escrevendo livros de poesia.
Sabendo que o superego é a parte do meu juízo que é solúvel em álcool, me pus a tentar fazer uns lirismos. Peguei um bloquinho, como todo escritor pop que se preze, e me debrucei a fazer literatura. Não saiu nada à la Rimbaud, parei no meio do caminho, acho que nem isso.
Embriagado, cheguei no máximo a um nível Gabriel Moojen de Literatura, o que por si só, segundo meu amigo Derbal, já é um erro de concordància. Larguei de mão o tal bloquinho e pedi pro garção me servir mais uma dose. O trago foi feito mesmo para entorpecer a mente. Intelectuais é que complicam o assunto.