É para a vida toda!
Ela olhou para ele, mostrando com orgulho a casa que acabaram de construir.
Ele sorriu satisfeito, concordando.
Mas, logo depois, num sobressalto, lembrou-se da velha cigana desdentada que lhes previra um final infeliz.
Mas, persignou-se e invocou a proteção de Deus.
O que é a vida toda, afinal? Quanto dura? Nós não sabemos porque não temos as rédeas do futuro.
Que seja para a vida toda, nem que a vida toda dure somente um átimo.
E o tempo escorreu, passaram-se os meses e veio a doença que foi tirando dela, paulatinamente, a seiva da vida.
Quantas vezes, olhando-a definhando, sentia uma pena enorme e chorava baixinho, pois ela nunca se deixava abater, tinha sempre esperança de que ficaria curada e que voltariam a ter felicidade plena.
Até que numa tarde de setembro, morna e ensolarada, ela rendeu-se e fechou os olhos para esta vida.
Ele nunca mais foi feliz completamente e mandou colocar uma placa na entrada da casa: Esta casa foi construída para durar a vida toda.