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Cronicas-->Jardim das Delícias -- 20/06/2012 - 14:24 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Carlos, desde que se entendia por gente, entrava neste trem que balançava. Quando criança recebia os ralhos da mãe, não parava no lugar. Nunca se contentava com o seu banco, tinha de explorar os arredores. Olhava fixo para o nariz vermelho do senhor de chapéu de palha, incomodava. Essa mania de olhar fixo para as pessoas, dizia sua mãe. Precisa parar com isso, o moço não gosta, viu menino? Ela, seus irmãos, nunca seu pai por perto. Seu pai era uma pessoa distante, ele nunca participava das excursões da família ao mercado, que ele achava, era o Jardim das Delícias. Seu irmão do meio que o diga, porque enquanto a mãe olhava para um frasco, a mão dele entrava em outro. Pobres dos vendedores que tinham de ter mil olhos e seiscentas mãos para controlar a multidão que entrava quando eles davam o ar da graça. Era neste dia que sua mãe abastecia a casa com sequilhos maravilhosos, queijo parmesão que ele sugava lendo ou escutando rádio. Seu pai ganhava sempre pães italianos e uma ou outra garrafa de vinho. Sempre no sofá, tinha cara de cansado, tinha óculos grossos e não se dava direito com ninguém, era o tipo de pessoa que se entretém consigo mesma e faz questão de viver mais dentro de si do que para a vida de fora. Sua mãe, não: Era um tal de alarido aqui, arruma lá e a casa sempre perfumada, sempre que podia a receber umas visitas com o seu jeito caloroso. E agora Carlos vê a janela do trem, passou o tempo, o alarido, as gotas escorrem pela janela, agora é ele o homem de chapéu esquisito, sem chapéu e um menino lhe olha fixo o nariz que ele vê que incomoda. E ele se vê no menino que sem piscar um olho, faz cara de muxoxo quando ele dá um breve sorriso e sai do seu banco para cumprimentar o breve menino que um dia terá um chapéu, no mesmo trem de luz que leva a todos para passear com as mães esmeradas, a caminho do Jardim das Delícias...
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