...Eu tenho algum eu meu que caminha nas ruas de São Paulo. Quem conta é minha mulher que me viu andando perto da Avenida Paulista, sozinho, perto do Hospital Santa Catarina. Sua descrição foi minuciosa, eu usava uma roupa que ela estranhou porque não é minha roupa habitual; difícil me confundir com algum outro eu, esse só eu mesmo.No entanto àquela hora,estava de plantão perto dali, num hospital não muito distante. Ela ficou curiosa e me seguiu.Aumentei o passo, possivelmente incomodado com o olhar insistente dela e com indicações alarmantes de que ela queria me falar. Foi quando ouvi meu nome que eu apressei mais ainda o andar, entrei na estação de Metrô e...minha mulher me perdeu. Evaporei de mim mesmo, em plena estação do metrô. E ela me ligou, assustada, pois ela sabia aonde eu estava, naquele exato momento. Fiquei com muito medo, porque o elevador parou diante de mim e eu me vi, a mim mesmo, intrigado, de dentro e de fora do elevador. Ambos nos viramos, corações descompassados. Eu voltei os olhos e...Saí do Metrô, aliviado, porque já era tarde e precisava achar o caminho de casa depois de uma tarde tão estranha...Tivera um estranho sonho naquela última hora e pensara que, apesar da fome, nada me faria comer de novo um doce estranho em uma padaria idem.
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