O Caso mais bizarro que atendi no HU foi um moço que chegou possuído pelo demo, chifrudo, demónio, coisa ruim... Entrou pela emergência, porém na hora que eu fui atender--pensei que fosse uma intoxicação exógena, sei lá...--não tinha nem ficha. Gente, levaram o menino para a sala de drenagem de abscessos da emergência do HU. Quem passou por lá conhece, fica em frente ao balcão dos computadores. Na época, há uns oito anos atrás, os PCS eram mais antiguinhos, vá lá. E eu--Preciso atender este moço, o que é? --Calma, seu doutor, este aqui não é para ser atendido por doutor não. Pronto, lá foi o rapaz. entraram uns senhores de terno dentro, fecharam a porta. Ouvi o ritual de exorcismo ("Sai capeta, sai coisa ruim, sai deste corpo que não lhe pertence...") e eu ali fora, ninguém sequer se surpreendeu. Deixei do jeito que estava para ver como é que ficava. Saíram os senhores de terno e bíblia; dali a pouco saiu o rapaz na cadeira de rodas: totalmente mudado, era outro! Olhava para mim com espanto e para meu espanto maior, nada lembrava do que se passara... Daí a pouco, apareceu a ficha do rapaz. Eu que sou velho de guerra, ví uma interna que era lindíssima pegar o caso. O rapaz olhou pra ela, meio de lado e falou: "Não sei o que se assucedeu, moça, mas me lembro da senhora"