--Menino, estas suas entrevistas não terminam nunca, não é?
--Muito agradável conversar com você...Kelly!
--Finalmente, ele acerta meu nome, platéia. Palmas para ele, que ele merece!!!!
clapclapclapclap
--Depois das palmas, nada melhor que um drinque recomendado por Hemingway, aquele beberrão que sabia fazer a cabeça da mulherada e vivia puxando briga nas ruas de Paris e se metendo em caçadas confusas na África.
--Qual é o drink? Você é sofisticada, Kelly. Onde aprendeu tudo isso?
--Livros, leituras, fuçando aqui e acolá e lendo as palavras dele dizendo que quando chegaram os sanduíches, ele os comeu aos trés e mais três dry martinis, que o fizeram tornar-se civilizado, enfim. Até o Barman lhe perguntou sobre a guerra e ele disse adeus às armas, muito romântico, não acha?
A bruxuleante luz do teto mais uma vez insistira em partir, e o vento solitário nos deixou abestalhados com nossa tremenda bebedeira. Tenho certeza que Ernest nos estapearia,se nos visse tão sóbrios.
--Certo, Ele nos levaria a uma tourada sangrenta onde o toureiro seria o caçado e o Minotauro venceria, Só dessa vez.
--Talvez encontrássemos Mahler e sua esposa chata, dizendo a ele que ela tinha um amante mais novo.
--Todos, meu querido,temos um dia ou outro, Mágicos insultos guardados enxutos no coração;eles se estiram como pétalas ressequidas de outubro,nas horas mais absurdas. Isso é literatura. Você sabe disso.
--Corre-me nas veias o sangue desnaturado dos grandes místicos, dos danados que sabem que um dia, sabe-lá, virá a solidão!
Vem o pensamento: O que Picasso acharia das touradas de Hemingway?
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