Esta é uma estória real.
Este é um desabafo de indignação.
Cronicas da vida....
Sou professora, e adoro lecionar. Todos os dias agradeço por trabalhar com algo que realmente sinto prazer. Mesmo assim, você sabe, não existe um ambiente de trabalho perfeitamente harmónico. Atualmente, os conflitos (interpessoais, interdepartamentais, etc.) dentro de uma organização, são vistos com normalidade, algo que sempre existirá quando o trabalho envolve relação entre seres humanos. A diferença está na solução mais adequada e eficiente para resolver o problema. Nas instituições de ensino, podemos sempre contar com o trabalho profissional das pedagogas nos conflitos entre docentes e discentes.
Aconteceu numa tarde ensolarada de terça-feira, estada doente e sentia-me um pouco mal. Apesar de estar sob licença médica, resolvi dar aula, já que seria apenas um exercício de revisão. Coloquei a turma no laboratório de informática e organizaram-se dois alunos por micro. Enquanto a turma fazia o exercício, subitamente veio a mim, uma terrível sensação de mal-estar, então fui à minha mesa, e fiquei de cabeça-baixa por uns 5 minutos. Quando levantei-a, meus olhos foram direcionados a um computador que estava distante de mim uns 4 metros, o que me levou a ler, sem forçar à vista, o que estava digitado: "QUERO COMER ESTA PROFESSORA DE QUATRO E METER MINHA PICA NO CU DELA". Levantei, pasma com que acabara de ler, e aproximei-me de forma despercebida para a dupla. Um deles falava "Cara, apaga isto! A professora pode ver!", o outro retrucava "Que nada! Ela tá dormindo ali.....". Neste momento, ele olhou para trás a minha procura, e pra surpresa dele, eu estava exatamente à s suas costas. Num ato de pleno desespero, desligou o computador, mas aí, já era tarde demais.
Ordenei, em um tom arrogante, que saísse do laboratório. Sou uma pessoa muito controlada, mas ele ouviu o que merecia e o que não queria. Pra agravar a situação, era cínico. Dizia repetidas vezes "Professora, a senhora está doida! Eu não escrevi nada demais, e mesmo assim, não existem provas contra mim!" (o que ele também não esperava, era o próprio colega testemunhando ao meu favor). Seu cinismo me levou então a tomar uma decisão mais drástica: solicitei na mesma hora, que ele fosse expulso da instituição e encaminhei-o para o setor pedagógico, que muitos insistem em chamar "demagógico", não sei o porquê.
Pra mim, o caso estava resolvido. Mas hoje, fui chamada à demagogia, ops, pedagogia, e pediram que EU fizesse uma reavaliação do ocorrido, e que ele continuaria a estudar. Disse "Ele pode continuar, mas na minha disciplina ele está reprovado". Falaram pra mim "Não, ele vai continuar os estudos na sua disciplina, porque reprová-lo assim seria complicado pra gente". Perguntei "Quantos dias ele ficou suspenso?" e responderam "Ele não foi suspenso. Apenas foi advertido. Mas da próxima vez que ele aprontar, pode vir aqui, que nós iremos suspender! Você tem que exercer seu papel de educadora, faça de conta que nada aconteceu. Afinal, nesta vida a gente engole muitos sapos..."
Desta vez, fiquei muito mais desapontada com as demagogas, ops, pedagogas, do que com o próprio aluno. Como é fácil esquecer quando somos desmoralizados, principalmente quando nos faltam com respeito, quando somos gravemente ofendidos...já até esqueci...assim como eles esqueceram onde colocaram minha dignidade, minha autoridade, minha postura profissional, minha gratificação salarial por possuir pós-graduação, etc.
Não sei como terminará esta estória. Quanto ao aluno, meu corpo emocional já o perdoou, mas meu corpo racional e profissional ainda não se conformaram. Não tenho medo de ficar desempregada, tenho medo sim, de perder meu caráter, minha honra, e de tonar-me hipócrita.