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Cronicas-->Inverno em Curitiba -- 06/05/2001 - 09:45 (IZABEL ROSA CORREA) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Inverno em Curitiba - uma família feliz

Este ano ele demorou um pouco mais, mas chegou. A noite foi gelada e pela manhã, o ar frio registrava a temperatura do corpo, ao transformar respiração em vapor. Agora, o sol está quente.
Na frente da loja de móveis finos, há uma mulher jovem, uma menina de cabelos longos e uma criança que anda apoiada na parede. Estão sentados na calçada. De dentro do carro os observo. A mulher, sem nenhuma dissimulação, concentra-se na cabeça da menina, vistoriando os cabelos sujos e embaraçados dela. Logo retira piolhos e os mata, com uma espontaneidade que me choca. Age com naturalidade e sem espanto, como se estivesse no quintal de sua casa,, lagarteando ao sol.
Logo vem outra mulher mais velha com um bebê embrulhado em um grosso cobertor. Senta-se no chão e enquanto a outra segura o bebê expõe o seio escuro e inchado e amamenta o bebê. A criança pequena se aproxima, recebe um sorriso e um carinho. Conversam. Um jovem - no máximo 15 anos - aproxima-se. Sorri, conversa, oferece salgadinhos, pega do chão o menino e o levanta para o ar, fazendo festinha. O pequeno ri muito agarrado ao seu pescoço. A menina dos cabelos longos sinaliza para um carro que encosta, simulando estar orientando o estacionamento, depois pede uma moeda. Recebe um olhar frio e nenhuma resposta. Volta para os seus, sem alterar o rostinho risonho, mastigando salgadinhos, como faria qualquer criança que foi ao portão espiar a rua e não encontrou nada de interessante.
De dentro do carro, esqueço-me que estou na rua, sinto-me uma visitante indiscreta a olhar a privacidade deles, sua felicidade exposta.
A mulher mais velha entrega o bebê ao rapaz que o aconchega com carinho. Ela guarda o seio, e retira uma touca do bolso esquerdo e a encosta no nariz, num gesto típico dos cheiradores de cola. Ninguém no grupo estranha. Minha visão burguesa se assombra. Às vezes, a felicidade tem contornos que não podemos entender. Saio com o carro, pois quem eu esperava chegou. Logo esqueço aquela família feliz.
Nesta outra manhã fria penso neles. Devem estar lá tomando seu banho de sol na rua que é seu quintal. Outros indiscretos os observarão e eles não se incomodarão.
Uma cidade tão aclamada por sua qualidade de vida, traz alguns quadros dignos de registro.

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