Caros amigos e amigas. Esta é a 250ª postagem nestes Alfarrábios. Um abraço à Alemanha pelo elevado número de acessos neste dia, à frente inclusive dos Estados Unidos e pouco abaixo do número de internautas do Brasil, de onde espalho estas despretensiosas mensagens. Muitas destas páginas, como é o caso da presente, é resultado de síntese de palestras proferidas em diferentes locais de um pequeno círculo que estamos reunindo para intercàmbio de ideias e propostas para um mundo melhor.
Na oportunidade o enfoque é sobre a figura da MULHER. Ela é o elemento insubstituível, tanto para um casebre quanto para um palácio. Um dos primeiros probérbios que li, numa tabuleta da casa da fazenda onde morava com meus avós, foi esta singela frase, que até hoje mantenho presente em minha alma e em meu coração: "Os homens constroem casas, as mulheres constroem lares".
Meu saudoso amigo Hélio Brisola, o maior humorista que conheci, porque fazia da vida um teatro de sábia alegria, costumava repetir: "A mulher é o homem passado a limpo". Maneira graciosa de dizer uma verdade, até de forma um tanto maliciosa mas nem por isso menos verdadeira.
Em meu entender, essa jocosa expresssão não se cingia tão só à referência plástica, material ou estética de que a mulher com mais zelo se ocupa, mas do aspecto da sensibilidade, sob a hipoderme do espírito, mais do que a intelectualidade que se cinge à epiderme, numa percepção táctil e concreta, do ver para crer.
Com o surgimento da Revolução Industrial na Inglaterra no século 18, as condições de vida e de trabalho foram marcados pela miséria." O operário trabalhava 14 horas por dia em condições insalubres, não havia uma legislação trabalhista e a exploração era ainda maior em relação à s mulheres e à s crianças, que viviam em locais semelhantes a cortiços"
Sem mergulhar mais fundo na História, que é obra de estudiosos mais afeitos ao tema, podemos levar em consideração que, em grande parte, por força do capitalismo que se firmou, por diversas razões - entre elas o aumento da população em escala mundial, a mulher aos poucos também foi arrastada com suas crianças para o chão de fábricas. Em condições adversas, num forte acento de mais e mais sacrifícios, por conta de uma nova ordem que, a rigor, predominou e veio para ficar.
Tanto quanto possível, procuro não colocar em relevo o aspecto político, muito menos o ideológico nesta questão cujo mote é a importància da mulher no cenário da família. A prevalência da nova ordem política, regada a lucro e luxo, acabou por retirar a mulher de sua condição natural, Ã qual era afeita desde o princípio da civilização, para acudir as demandas do lar. Mormente porque os salários aviltados, num regime que pouco ou quase nada faltava para ser chamado de escravidão, resultou no que hoje aí está.
Não que a mulher, na redução de uma expressão mais simples, se reduza à mera acumuladora de tarefas de rotina, acumulando funções de cozinheira, lavadeira, passadeira e executora da faxina da casa. Mas é inegável, sem evocar qualquer saudosismo, que no que a ela coube, enquanto administradora da casa e da família, conseguiu firmar e formar um mundo de homens e mulheres melhores.
Para surpresa dos machistas, em regra geral, elas se igualaram e até superam os homens em cargos de direção e gestão. Talvez por uma adaptação forçosa, tiveram, sim, que buscar mais equilíbrio entre razão e sentimento, e o fizeram de forma espetacular.
Não há como voltar no tempo, nem significa que a elas eram destinados destinos melhores, enquanto gestoras do lar e, em maior parte, formadoras do caráter dos filhos. No entanto, quando se discute tanto - e esse quebra-cabeça desafia as maiores e mais privilegiadas mentes de psicólogos e pedagogos, resulta o fato histórico comprovado, reiteradamente comprovado, de que Mãe é insubstituível no seio da família.
Hoje, forçosamente obrigada a dosar sua dedicação, ainda que isto lhe custe dores imediatas e a longo prazo, o resultado aí está, com o mundo tentando essa proeza impossível de construir um edifício sem alicerces. A escola, por melhores professores que ofereça, não chega nem perto do que uma mãe, ainda que analfabeta, pode assegurar a uma família. Porque o amor não se arranja nem se adapta, e o amor de Mãe é a expressão mais autêntica, legítima e quase palpável do infinito amor de Deus.
*Síntese de palestra proferida pelo professor Geraldo Generoso, em Cornélio Procópio, em 20/0l/1995, a um grupo de educadores de uma instituição de ensino daquela cidade paranaense.