O passado é um punhal que me é enterrado no peito todas as vezes que uma canção, uma imagem, uma fotografia ou até mesmo uma situação me faz lembrar dos anos da juventude. Sou tomado pela sensação de que aqueles anos foram os anos mais felizes da minha vida e pelo desejo de voltar ao passado para tornar a vivenciá-los uma outra vez e quiça infintas vezes como no eterno retorno do mesmo nietzschiano. Eu sei que o passado não volta mais (e mesmo que voltasse não voltaria da mesma forma, pois nossas experiências só podem ser vividas uma única vez) e nem mesmo pode ser resgatado como Proust tentou fazer em Em busca do tempo perdido ao procurar o resgate duma época. Os anos avançam, novas experiências e momentos inesquecíveis vão se acumulando, fazendo com que a experiência de viver seja inigualável. Todavia, o passado é uma coisa assombrosa, que muitas vezes, nos impede de viver plenamente o presente. É inegável que as lembranças do passado tendem a se apagar com o tempo. E quanto mais distante esse passado, menos nítidas se tornam essas lembranças. Embora os anos corroem os traços mais sutis de nossas mais ternas lembranças, ainda sim elas permanecem vivas com os seus fragmentos. É óbvio que esquecemos muita coisa e fatos significativos acabam se perdendo com o tempo. Isso faz parte do esquecimento. O esquecer é saudável. E aquele que consegue esquecer mais facilmente, é um ser mais feliz. Não que aquele que não consegue esquecer não o seja, mas o passado pode muitas vezes se tornar um empecilho ou até mesmo um fardo. Apesar de não crer que o passado me seja prejudicial; na verdade, preferia não tê-lo tão presente. Talvez o meu problema seja exatamente a justificativa de Nietzsche para explicar o eterno retorno do mesmo: devemos viver de forma a desejar essa vida e cada centelha dela mais uma vez e uma nova infinidade de vezes. Será que eu vivi minha juventude de forma a querê-la outra vez, depois outra, e outra e assim infinitas vezes num eterno retorno do mesmo? Quiça!
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