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Cronicas-->Orquestra de cigarras -- 30/10/1999 - 01:35 (Leon Frejda Szklarowsky) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ORQUESTRA DE CIGARRAS
(Publicado em O ESQUADRO, de novembro de 1998, do GRANDE DO OREINTE DO BRASIL, Nº 11, e na Coletànea Sinfonia da Primavera, Contos, Poesias e Cronicas, Edições AG, São Paulo, 1998, Hors Concours)
Acabo de chegar de Teresina, para onde fora proferir uma palestra.
Apesar do zumbido nos ouvidos, que apareceu, sem ser chamado, faz três semanas, isto é, da orquestra das cigarras em meus ouvidos ou no cérebro, resolvi viajar e enfrentar o público, com a ressalva de que um amigo, que daria a conferência, no dia anterior, ficasse de reserva, para, em caso de emergência, fazê-la, em meu lugar. Tirar-me do apuro. Salvar-me do desastre fatal.
Cheguei à Teresina, anteontem - tarde da noite - e fui dormir. Fora, um calor que nem a noite esmorecera. No quarto, o ar condicionado, ligado a toda!!! O frio desértico contrastava com a temperatura quente, impedindo a respiração.
Que triste combinação: a música de ensandecer e o frio no quarto ou o calor na rua!
Acordei, porém, às duas da madrugada, com um zumbido ensurdecedor e não dormi mais. Sequer consegui cochilar. Às cinco da manhã, tinha resolvido telefonar para o querido confrade, no apartamento ao lado, pedindo-lhe socorro - que fizesse a palestra em meu lugar. Quase chorei de desespero e decepção, porque o mundo ia abaixo. Parece que chorei, sim, Às seis, entretanto. apesar de não ter cerrado os lhos, a noite toda, e do zumbido que me deixava maluco, tinha decidido que, ou o que escrevo: lutar, vencer as adversidades e todas as coisas que estão nos meus poemas, é sério e verdadeiro, para mim e para os outros, ou tudo não passa de fantasia e balela, mentira deslavada e, portanto, nada vale, devendo mandar tudo para o lixo ou, conforme a linguagem do computador, para o trash. Ou, para as profundezas do inferno. Aquele inferno de Dante, sim, senhor. Seria tudo ou nada. Valeria ou não a pena viver!
E, mais, havia-me esquecido do pincel de barba, para completar o desastre em que me achava envolvido. Que desgraça jamais imaginada e desejada.
Assim, após tudo isto, pensei e tomei uma decisão, para por à prova e dizer que com certeza o que escrevo e penso não é quimera, mas uma filosofia de vida, uma verdade em que eu acreditava. Resolvi que ou daria a palestra a contento, cumprindo o compromisso, superando as dificuldades, vencendo as adversidades e provando que o ser humano tudo pode, quando quer, por pior que seja a situação, ou nunca mais subiria ao púlpito. Nunca mais poria o pé no palco.
Eis que, ao chegar ao local, sentei-me à mesa, fui convidado a falar, um frio tocou-me, fundo, penetrou em minhas entranhas, dirigi as primeiras palavras, relatei o caso, fui ovacionado, receberam-me de pé, bateram palmas. Dei a palestra até as doze. Consegui superar tudo, não havia mais zumbido. Não mais ouvia a orquestra das senhoritas cigarras. Nem me preocupava com as incansáveis formigas que trabalhavam, sem parar, enquanto as cigarras só cantavam, para se alegrar e me matar. Esquecera-me dele, zumbido. Voltei, às duas da tarde, recomecei, cada vez com mais vigor, de pé, sem microfone, gesticulando, abordando o tema como nunca, fazendo-os rir. E não sou palhaço, embora acredite que todos nós temos um pouco de clown e de louco. Finalmente, fui, novamente, ovacionado. Levantaram-se todos, novamente, e eis que de novo agradecera, contara tudo que senti, tudo que pensei e a vitória do homem sobre todas as coisas. Fiquei feliz, comecei a acreditar novamente no que escrevo. Saber efetivamente que vale a pena viver, sonhar, pensar, lutar, sem esmorecer, sem pestanejar. E ainda ganhei flores ( quebraram o tabu de que flores são só para mulheres), houve entrevista para os jornais e para a TV. Eis minha história.
É verdade que ganhei uma rouquidão e dor de garganta. por haver falado, sem microfone e por causa do ar condicionado, enquanto que lá fora ardia um sol abrasador de mais de quarenta graus. Mas que é isto, ante coisas mais importantes? E uma cidade linda, encantadora!
Acabo de voltar do nordeste, onde o povo é bom, acolhedor, maravilhoso, mas o zumbido continua; com mais força do que nunca, vingativa, entretanto, ele nada representa, ante um mundo novo à minha frente.
E, ainda mais, como não tinha pincel e não havia como adquirir àquela hora da noite, improvisei ( deve-se ter presença de espírito para tudo, em todos os momentos) e passei a pasta com a mão e deu certo. Que sorte ter-me lembrado de que basta querer e fazer!!!
Não pense que sou valente, forte, super homem.. "SOU NÃO!" Até cheguei a chorar e achar que estava perdido e devia acabar de vez com tudo. Não obstante, eis que vale a pena viver, chorar, rir, sonhar, lutar e superar as adversidades. Porque o ser humano é capar de superar as adversidades, passar por qualquer prova. Ou nada é, nada existe, nada, nada... nada...Mas posso clamar que tudo existe, vale a pena etc., etc. Desculpe-me, por todo esse palavreado. Tinha que, porém, desabafar. Tchau. Esta, minha breve história, a história de quem pensara que tudo se acabara e não acabou, não, porque o ser humano sabe ser mal, sabe matar, mas a maioria é boa, valente e está intimamente ligada ao sagrado.
O Altíssimo sabe o que faz.
BSB 15AGO98
Leon Frejda Szklarowsky:.
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