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Cronicas-->A Visita -- 29/07/2013 - 08:52 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

O casal era uma graça, sempre benquisto, no prédio onde moravam eram queridos e tinham lá suas visitas. Estas visitas eram raras mas precisas. Ela cozinhava bem, ele entendia de vinhos e de quijos; sua casa de vez em quando promovia festivais de queijo e vinho, muito concorridos. Ela tinha belos e loiros cabelos, olhos claros, de um azul esverdeado e uma pele branca que a fazia parecer uma européia; ele era de estatura mediana, poé forte, o corpo modelado por anos de esporte e dedicação à boa forma. Isto era razão de admiração, porque à medida que passavam os anos, eles optaram por não ter filhos em razão de seus compromissos sociais, de seus trabalhos, de suas lutas pela democracia. Havia alguns que diziam ser eles lutadores demais, outros diziam que os dois estavam à frente de seu tempo, sempre ao lado de movimentos de luta democrática. Outras havia que murmuravam ser a beleza do casal imutável, daí a suspeita de que um deles, se não os dois, serem praticantes de estranhos ritos que os mantinham infensos ao tempo e imunes às horas. Havia até um moço que trabalhava na guarita que disse a outro, antes de sumir no mundo, que os dois eram assim há milênios, porque os conhecia quando se mudaram para o prédio, uma construção semi-nova que fica alí no Bairro do Brooklin. Havia os que sempre que a moça entrava, entre dentes assoviavam, tal a sua beleza e as moças renovadas do condomínio(porque sempre havia mudanças) não deixavam deadmirar o belo rapaz que vivia trazendo pão, queijo e vinhos para casa.

--Ô, lá em casa viu!

--Fiu fiu...

Eles não se incomodavam. Continuavam comendo seus queijos, continuavam a receber seus amigos e em discussões que varavam as madrugadas, pensavam juntos no Infinito, na poesia social, na fonte de toda a beleza, nas águas do absurdo e no absurdo de todas as coisas.

Certo dia, anunciou-se um estranho. Notou o rapaz da guarita que ele vestia um sobretudo negro que cobria boa parte de seu corpo, até os joelhos. Carregava um guarda-chuva de cabo encastoado de marfim e dourado. Tinha luvas de couro; estava bastante frio. Ele disse que ia visitá-los. Há cerca de meia hora chegarao rapaz com queijos especiais e uma ou duas garrafas de um vinho que ele dissera 'ser de safra especial para um encontro especial'. Anunciado, o estranho visitante subiu, só ele.

Passaram-se horas eo visitante não saiu. dois dias e nenhum deles saiu de casa. O zelador inquietou-se, perguntou se não haviam saído pela garagem. Perguntou se o visitante teria saído pelaportaria, mas não, ninguém saíra. Quatro dias, resolveu-se chamar a polícia. Chamada, veio prontamente, talvez suspeitando de alguma coisa mais grave. Bateram à porta, porque ninguém respondia ao telefone. Nem ao Interfone. Nem à campainha.

O zelador tinha a chave dos fundos pois às vezes pegava revistas e as deixava no Hall de entrada.

Entraram no apartamento.

Lá estava o estranho visitante; sentado, tomava vinho em frente ao televisor ligado em um programa qualquer. Bebericava calmo, sem pressa.

--Bom dia, senhores. Tardaram a vir.

--Bom dia. Onde está o casal?

--Nunca esteve aqui. Moro sozinho há anos.

--Como?

Passou a vir todos os dias, com queijo e vinhos. Nunca mais se viu o simpático casal, evaporado no ar de setembro.

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