... E o mentor amigo nos contou com alegria e espontaneidade.
Tendo Jesus terminado uma de suas preleções, ao entardecer, junto à s águas do lago, entrou em conversação com os discípulos, perguntando a eles qual seria a virtude que avançasse além dela própria.
-É a paciência...- replicou Bartolomeu.
E o diálogo prosseguiu.
- Bartolomeu - elucidou o Divino Mestre - a paciência é integra. Não se elastece.
- É o amor ao próximo - aventou Simão Pedro.
- O amor ao próximo é um dever inarredável. Não se modifica.
- É o espírito de serviço - aventurou Mateus.
Jesus sorriu e explicou:
- Entretanto, o espírito de serviço expressando boa vontade e benevolência, é uma obrigação que não se altera.
- É o perdão das ofensas - disse João, acanhado.
- João, já aprendemos que o perdão das ofensas deve ser repetido setenta e sete vezes.
- É a fé - adiantou Tiago.
- A fé, porém, é um estado de sublimação da alma que não se desloca.
- É a brandura no trato com os nossos semelhantes - sugeriu André com timidez.
A brandura pra nós, no entanto, é uma atitude compulsória.
O silêncio caiu sobre a turma, qual se os acompanhantes do Mestre estivessem confessando a própria impossibilidade para formular uma resposta à altura da indagação.
Depois de alguns minutos de expectação, o Cristo lançou compassivo olhar sobre os presentes e arrematou.
- Meus amigos, a virtude que se desdobra além de si mesma será sempre o ato de perdoar aos bons, quando os bons aceitam a infelicidade de errar...
* Recebido, nesta data, por e-mail, de Marcos Noronha, intelectual amigo das letras.