Era comum vê-los aos magotes na sua faina cotidiana, das segundas à s sextas.
Jamais numa mesma rua, pois suas tarefas não se sincronizavam: o calçamento
precisava estar pronto para o capim começar a assentar as raízes entre as suas
gretas. E cada rua tinha a ordem sua: calçamento, no seu mais solene momento, e
a capinação, periódica, sempre que houvesse a ocasião.
Os calceteiros eram homens, com uns poucos rapazes aprendizes, e os
capinadores, não mais que meninos. Ganhavam u`a miséria e os atrasos eram de
regra mas a Prefeitura é que lhes assegurava o sustento e a dignidade daquele
vínculo com a sociedade. Mas de cócoras.
As equipes de trabalho tinham o seu mestre, que, além de se vestir com o garbo da
função, dava os comandos e verificava sua execução, na intransigente ordem das
coisas.
Com a expansão da área calçada, a partir do centro da cidade, os calceteiros viram
os seus paralelepípedos de granito de fácil e decorativa colocação, transformarem-
se em poliedros, de assimétrica conformação. Mas para a periferia, era do Prefeito,
perfeita, a solução. Calçamento bonito era caro.
Em alguns trechos da cidade, geralmente nas ladeiras centrais mais abruptas,
onde já havia um calçamento de pedras arredondadas, pés-de-moleque chamadas,
optou-se pela superposição dos paralelepípedos, que muitas vezes elevava as
superfícies e deixava passeios e casas rebaixados.
O ritual do calçamento era iniciado pelo nivelamento da rua por meio mecànico, a
que se sobrepunha uma camada de areia, seguida do assentamento das pedras, a
partir de uma linha central, feito uma coluna dorsal.
Tempos depois, assentadas as pedras e corridas enuxrradas sobre elas é que
apareciam os capinadores, com seus ferrinhos a esgravatarem as gretas e as
libertarem das gramíneas renitentes, nesta terra de Caminha, tão frequentes.
Mas aí, com um Governador espalhasfaltoso, dito Cardoso, veio o asfalto. E se
foram os calceteiros e capinadores, sem pedra e sem grama, pro seu cotidiano