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Cronicas-->E o Bento levou... -- 25/10/2013 - 13:44 (Brazílio) |
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Da vasta galeria de tipos e personagens exóticos de minha Velha Serrana dos anos
cinquenta, o Bentoca era um caso a parte. Embora sem os traços desconcertantes do
nanismo, era diminuto - e, sobretudo, resoluto. Se curto lhe era o pavio, caudaloso
lhe era o enxurrio, de impropérios e vitupérios quando ferido em sua dignidade. O que
mais o incomodava era o refrão:
Bento, bentoca, farinha de mandioca!
Vagava pela cidade, incerto, e parecia estar sempre por perto, tal o temor que
despertava na meninada que dele - quando rugia - fugia em disparada.
O que se recomendava à criançada era não mexer, não olhar e, se possível, evitar com
ele se cruzar. Difícil em tudo acertar.
E foi numa das quebradas do burgo, bem na pracinha do jardim que com ele nos
deparamos, três irmãos pequerruchos e ainda mais atracado, o Bento supra-citado.
Tenho dois testumunhas de que não fomos nós que começamos o tiroteio, muito
embora, tenhamos os três mudado de passeio. E o gracejo nos veio, talvez até para
desanuviar a tensão, daquele homúnculo, ou não?
- Três peidorreiro!
A resposta foi espontànea, em coro, feridos que fomos nos brios fugazes, ainda que
sem violência, ou flatulência:
- Bento, bentoca, farinha de mandioca!
Ah, pra quê, os céus tremeram enquanto pedras choveram. Só a pontaria que,
felizmente, desapontaria, enquanto a gurizada se escafedia.
E se hoje do embate com saudade estou, pedras e gritos o Bento levou. |
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