A mulher cruzava a Ponte da Amizade todos os dias pelo menos duas vezes. Estava sempre bem vestida, maquiada e perfumada, como se fosse para uma festa. Os fiscais da alfàndega, quando perceberam que aquela mulher atravessava a fronteira todos os dias, resolveram revistá-la. Tanto da primeira vez como das subsequentes não encontraram nada que a incriminasse, uma vez que ela carregava tão somente uma bolsa contendo os seus documentos, uma pequena quantia em dinheiro e alguns itens de maquiagem: esses mesmos que toda mulher carrega.
Após não encontrarem nada nas primeiras revistas, os fiscais suspeitaram que talvez ele estivesse transportando alguma coisa dentro do corpo. Afinal isso era muito comum. Talvez drogas no estómago ou algo nas partes íntimas. Assim, ela teve de passar por um aparelho de raio X. Ainda sim, nada foi encontrado. Ela estava simplesmente limpa.
Aquilo porém não satisfez os fiscais. Eles tinham certeza de que ela estrava contrabandeando alguma coisa. Eles só precisavam descobrir o que. Continuaram a revistá-la na esperança de que, em algum momento, a surpreenderiam e a pegariam no pulo. Mas os meses foram passando e nada de acharem em poder dele algo de suspeito. Ela sempre carregava as mesmas coisas.
Certo dia, um dos fiscais, já muito injuriado, não resistiu e a chamou para um particular. Prometeu não importuná-la mais e jamais prendê-la caso ela lhe contasse o que estava contrabandeando.
Então, ela resolveu contar:
-- Vocês nunca desconfiaram?
-- Não - respondeu ele.
-- Mas você jura que não vai me prender?
-- Juro. Pode ficar tranquila. Você não vai ser presa - prometeu ele mais uma vez.
-- Vocês nunca repararam que a minha calcinha estava úmida ali, naquele lugar?
-- Para te ser sincero, reparamos sim, algumas vezes. Mas achamos que a senhora tinha ido ao banheiro e não se enxugado direito ou que tinha transado com alguém antes de cruzar a fronteira. Achamos que a senhora poderia ser apenas uma garota de programa.
-- Aquilo não era xixi. Eu contrabandeio SÊMEN - confessou ela.
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