Os amores se vão. Que é dos amores? Já foram. Viu? Passaram, sobraram as ilusões de sempre. Os tormentos do amor, as dúvidas, a crueza dos dias tortos. Os teus lábios mortos na lembrança. Que é dos amores? Vãos desfeitos. Súplicas, sonhos, temores. Desvãos. Danem-se se não gostam! Leiam assim: Fui um preso em vida, um amálgama de dores. Ou não? E que é dos amores? Onde se enfiaram esses danados, fugitivos de meia-boca, tempestades de sons e cores? Onde, em que barranco se esquivaram de mim? Horror. Que é deles? Onde estava eu, afinal? Onde eu refletia meus olhos nas poças da chuva ácida e retórica? Que é deles, querida? Onde estão, senão escondidos na ferida aberta de minha caminhada? Que é dos amores então?
--Acorde, querido.
--Já?
--Já.
Ah, bom. |