Eu pedi para eles esperarem. Estava preso, agora estou aqui, nessa corda imensa; todos se penduraram e eu, como sou o mais forte, me lasquei aqui por cima. Eles se seguram, porque, lá embaixo, tem um vórtice que suga a todos. Se um cai, caem todos. E daí? Daí que eu me meti nisto;na verdade, estou nessa vida desde pequenininho, quando me tiraram da Grande Mãe. Ela me amamentava, ela me criava, a muitos como eu. A Grande Mãe era nervosa, tudo queria para si. Eu me amamentei nela, me acocorei nela. Teve um dia que eu subi nela, por cima de sua cabeça e ela não gostou. Daí, me tiraram dela, vim parar nesse remanso aqui, junto com tantos outros enjeitados e feios, como eu. Nesse lixorama. Nesta casa pensa. Tive de sair, mas aguardei a vez. Quando viram meus braços, minha força, me propuseram: Você fica em cima, nós saímos por baixo e foi assim que fiqeui preso segurando os outros que balançam. Já tentamos outras vezes, mas suga-nos o vórtice e um a um, caem. sou esperto, fico lá fora não! fico dentro. espero a chuva amainar, meu braço descansa com a leveza que se produz e voltam os que sobraram. Digo o mesmo, nada faço por mim, e olhem o que recebo? Nada, só cara feia. Cara feia para mim é fome, ou medo, ou dor de dente. Lasco fora. Desembaraço, tiro logo a centelha, rima rica e o ferrão que sai é de abelha louca. Mato a pau. Daí, se quiserem de novo desafiar o vendaval, vendo meu braço, porque mato a cobra. E mostro o pau. Eu espero, lá vêm os novos. eles chegam enxutos, verdinhos, medrosos, não conhecem as regras. Mas lá fora o vórtice suga, o medo desenxuga, faz suar o mais bravo. E nem eu tenho mais medo. Eu exalo, inspiro e expiro. E falo:
--Qual é o próximo?
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