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Cronicas-->Os Barbosas* -- 22/03/2014 - 19:18 (Benedito Pereira da Costa) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Os Barbosas*


Propositalmente, na véspera do carnaval, Suprema desonra!

100 anos se passaram mas parece um Barbosa (Rui) escrevia para outro (Joaquim):



"Sinto vergonha de mim

por ter sido educador de parte deste povo,

por ter batalhado sempre pela justiça,

por compactuar com a honestidade,

por primar pela verdade

e por ver este povo já chamado varonil

enveredar pelo caminho da desonra.



Sinto vergonha de mim

por ter feito parte de uma era

que lutou pela democracia,

pela liberdade de ser

e ter que entregar aos meus filhos,

simples e abominavelmente,

a derrota das virtudes pelos vícios,

a ausência da sensatez

no julgamento da verdade,

a negligência com a família,

célula-Mater da sociedade,

a demasiada preocupação

com o `eu` feliz a qualquer custo,

buscando a tal `felicidade`

em caminhos eivados de desrespeito

para com o seu próximo.



Tenho vergonha de mim

pela passividade em ouvir,

sem despejar meu verbo,

a tantas desculpas ditadas

pelo orgulho e vaidade,

a tanta falta de humildade

para reconhecer um erro cometido,

a tantos `floreios` para justificar

actos criminosos,

a tanta relutància

em esquecer a antiga posição

de sempre `contestar`,

voltar atrás

e mudar o futuro.



Tenho vergonha de mim

pois faço parte de um povo que não reconheço,

enveredando por caminhos

que não quero percorrer...



Tenho vergonha da minha impotência,

da minha falta de garra,

das minhas desilusões

e do meu cansaço.



Não tenho para onde ir

pois amo este meu chão,

vibro ao ouvir o meu Hino



e jamais usei a minha Bandeira

para enxugar o meu suor

ou enrolar o meu corpo

na pecaminosa manifestação de nacionalidade.



Ao lado da vergonha de mim,

tenho tanta pena de ti,

povo deste mundo!



`De tanto ver triunfar as nulidades,

de tanto ver prosperar a desonra,

de tanto ver crescer a injustiça,

de tanto ver agigantarem-se os poderes

nas mãos dos maus,

o homem chega a desanimar da virtude,

A rir-se da honra,

a ter vergonha de ser honesto`.

(Rui Barbosa, 1918)


Manifestação do ministro Joaquim Barbosa após julgamento.

Não é a política que faz o candidato virar ladrão, é o seu voto que faz o ladrão virar político.

* Recebido, por e-mail, do meu amigo Gerardo Gama (ex-colega do curso de ciências contábeis), professor universitário, ex-presidente do Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal, hoje aposentado e assessor parlamentar.




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