FOTO FEITA (DO CARRO) PELA AUTORA DA CRÔNICA, NO DIA 23.12.2014 - SAINDO EM DIREÇÃO À AVENIDA BONOCÔ - SALVADOR - BAHIA.
DIQUE DO TORORÓ: UM DELEITE
Sentado à beira do belo Dique do Tororó (em Salvador – Bahia), aproveitando a grama macia e fresca, além da sombra de uma grande árvore, olho sem pressa tudo ao meu redor e observo todos os movimentos: inclusive de uma barca, toda enfeitada de azul e branco, que transporta passageiros de uma para a outra margem do dique, com calma e habitualidade.
Mais além estão os grandes orixás representados nas belas esculturas colocadas ali no dique, cada um vestido com suas cores específicas, num belo colorido. Quem sabe quantos utilizam os mesmos barcos para chegarem próximo, e como se fosse em uma reunião a céu aberto, ali junto ao círculo que eles compõem, formularem seus pedidos, oferecerem suas orações?! Provavelmente assim o fazem, em linguagem originada na grande Mãe África, àqueles que seus antepassados reverenciaram como deuses, em uma verdadeira e respeitosa crença que até hoje é difundida e também purificada.
Os símbolos da Cristandade estão espalhados lindamente por todas as águas verdes do Dique do Tororó... Ainda é dia e as luzes e enfeites coloridos embelezam com suavidade, mas a explosão de cores ocorre ao anoitecer com o acender das lâmpadas de toda a decoração. Além disso, a programação de espetáculos que serão apresentados no período natalino é farta e preparada com esmero. Todos anseiam essas apresentações que homenageiam o nascimento do Menino Jesus.
Este ambiente me seduz por tudo e não me canso de fitar, ora para aqui, ora para acolá. Ele é fonte de muita meditação que nos traz uma paz e uma serenidade tão grandes que quase não percebemos o tempo passar.
Olho de longe o cais onde tantas crianças se encantam olhando os peixes que chegam próximo (há pesca esportiva, com varas alugadas pela administração, mas os peixes não podem ser consumidos, e são devolvidos às águas). Vejo também lá os vendedores de bolas de borrachas multicoloridas, as pequenas “arvores” de algodão-doce embalados em sacos plásticos, o movimento para a Pizzaria e a Churrascaria que já foram construídas integradas à paisagem. Lembro-me que vários grupos chegam e apresentam repertórios diversos, de músicas e poesias à sombra das árvores do cais, enquanto muitos sentam ou dormem à sombra com suas famílias. Não lhes falta plateia.
Inúmeras pessoas fazem caminhada e corrida diariamente, contornando o belo Dique do Tororó. Alguns grupos são formados naturalmente, outros surgem com “Personal Trainer” que consegue agregar várias pessoas aos seus ensinamentos. Grupos considerados da Melhor Idade, também têm o dique como um dos seus pontos de atividades físicas e reuniões de amigos. São vários parquinhos infantis, bancos, esculturas diversas de artistas baianos, colocadas estrategicamente ao longo de todo o dique. Até as suas margens são “bordadas” com plantas de cores diferentes, formando um belo labirinto, lilás e verde, em quase toda a sua extensão. Um roseiral também pode ser visitado na outra margem que circunda o Dique.
Como se não bastasse tanta beleza, de onde estou sentado, observo a guarnição feita, na parte mais elevada da mesma região, pelos Bairros do Tororó e Jardim Baiano. No Bairro do Tororó, que dá nome ao dique, o Bloco dos Apaches do Tororó, há longos anos, leva para a Avenida, no Carnaval, os seus tambores rufando de forma inconfundível, num colorido especial e vibrante, como fortes índios que admiramos, mas que também nos intimidam porque desconhecemos de onde arrebanham tanta garra. O Bairro Jardim Baiano traz uma característica muito curiosa e bonita: seus edifícios, de poucos andares, são sinuosos, como se quisessem acompanhar as curvas do verde que eles emolduram do alto.
Ah, eu tenho tanto para falar de bom e bonito deste “pedacinho do céu” que, aqui sentado estou a admirar!
Já alimentei bastante de paz no meu interior nestes minutos, mas não posso me retirar sem antes falar de algo que sempre nos orgulhou: a Fonte Nova. O antigo Estádio da Fonte Nova – hoje a belíssima Arena Fonte Nova – que, apesar de toda construída no mesmo local, manteve o antigo formato de ferradura, com a abertura voltada para o Dique do Tororó. Um casamento perfeito de beleza natural com a beleza projetada pelos profissionais, formando um só território harmônico, palco de muitos momentos bons como este, para nós os baianos e para todos que desejarem conhecer a nossa querida terra que também é Brasil.
Dalva da Trindade de S. Oliveira
(Dalva Trindade)
29.12.2014
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