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Cronicas-->Adivinhe!!! -- 18/02/2015 - 15:44 (flavio gimenez) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Tenho cá comigo que nada em absoluto acontece ao acaso. Em minha opinião de observador de muitas décadas ( e o que mais nos distingue é a capacidade de observar e tirar nossas próprias conclusões do que é observável, criando assim um método que pode de alguma forma ser reproduzido), o que nos acontece na verdade traz as consequências do que nós fizemos um dia, alhures ou algures; de certa forma o assim já mal afamado dito " aqui se faz, aqui se paga" traz em si mais verdade do que toneladas de revisões feitas por sorumbáticos sujeitos iluminados em doutas universidades. Pois não é que atraímos tais e quais acontecimentos se assim se determinam umas e outras condições? Senão, vejamos: Esta festa de agora, com mil cores, de certa forma contribui para o aumento das taxas de natalidade dentro de nove meses, de tal forma que lá pelos meados de setembro, além das flores, mil berreiros se juntarão aos nossos já cansados olhos de ver e viver.
O prazer daqui se "paga" acolá, os lúbricos enlaces feitos em campanas escondidas e estimuladas pela mídia oficial traz os mesmos espasmos só que menos lúdicos depois...Se é que podemos chamar isso de pagar; aqui se faz uma observação de cunho talvez preconceituoso de minha parte, um comentário deveras infeliz até. De tal forma que me desculpo se de alguma maneira ou de certo modo o fiz, insinuando que ao prazer se soma o sofrimento, querendo dizer obviamente que à responsabilidade se soma o discernimento; Mil vezes preferível ver dois olhos se abrirem à luz do mundo que contemplar o sofrimento das indizíveis doenças que se espalham como a ninfa branca no século retrasado, companheira dos delírios a absinto e à bebedeira que acometia os jovens de todo mundo ao final do século, como a pressagiar um fim de tudo.
Não quis dizer isso, volto-me assim contra mim mesmo, valendo-me de mil desculpas; às vezes o que aqui se fala, aqui se cala. Tenho algo de menestrel maldito, pois que os gonzos de minha mente se soltam e repentinas rajadas de falsa melancolia se me abrasam, quando vejo assim um casal de lindos jovens desabridamente se beijarem sem se saberem os nomes.
--Quem é você?
--Adivinha, se gosta de mim!
Devem ser minhas pálpebras já vetustas ou um certo cinismo que vê no sorriso dela algo de enevoado e no olhar dele algo de já gasto, surrado, de fartar-se em sua própria incongruência? Enquanto falam, mil fotos fazem de retratos em várias poses, como se existissem só e através daquilo que fazem; há um subtexto de evanescência nisso tudo. É como se, existindo lá dentro, mal existissem aqui fora. O mundo não lhes dá permeio e sustança, então, preferem evolar-se em imagens gratuitas e em risos reprodutíveis ao infinito. Daí, se se conheceram nas tais campanas escuras, agora ao claro nem tanto se conhecem como reafirmam o que já sabem:inúteis palavras, preferem o anonimato da imensa esfera que os eterniza.
Por favor, o que se esfacela é o efêmero; vai-se uma parte de si quando ao adivinhar-se sabe-se lá o quê, já não gostas de mim. E eu, daqui, vejo os pares cansados, alguns já até brigam de fato, mais alguns solitários e macambúzios se retiram trópegos, alguns outros se atraem como que em sórdida revanche...
--Ele lhe largou?
--Ele não gostava de mim!
--Adivinhe quem sou?
Desculpem a nota em dó menor; toca como um sino essa voz que se queixa, mas sabendo que chorume é esse, de onde vêm tantas lágrimas; lembro de certa forma: Elas vêm de cima!
Um velho conhecido meu, que vez por outra, entre um excesso e uma lauta refeição e outro abuso, quando me vinha trazia uma canção no lábio. Da última vez, o pé inchado, disse assim, quase que chamando São Pedro à luta:
--Seu moço, em tempo de seca, quem tem gota é rei.
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