Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 


Artigos ( 62744 )
Cartas ( 21341)
Contos (13287)
Cordel (10462)
Crônicas (22563)
Discursos (3245)
Ensaios - (10531)
Erótico (13585)
Frases (51133)
Humor (20114)
Infantil (5540)
Infanto Juvenil (4863)
Letras de Música (5465)
Peça de Teatro (1379)
Poesias (141062)
Redação (3339)
Roteiro de Filme ou Novela (1064)
Teses / Monologos (2439)
Textos Jurídicos (1964)
Textos Religiosos/Sermões (6296)

 

LEGENDAS
( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )
( ! )- Texto com Comentários

 

Nossa Proposta
Nota Legal
Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->UM ENCONTRO COM CHICO ANíSIO. -- 23/07/2015 - 15:43 (HENRIQUE CESAR PINHEIRO) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Hoje chegou às minhas mãos um exemplar da Revista Fácil, editada em Recife. Não tinha conhecimento deste informativo. A capa chamou minha atenção pela figura partida de um porco, representando um cofre partido, desses que as crianças e até mesmo adultos põem dinheiro. Usei o verbo pór para sair do lugar comum do verbo colocar. Abaixo do porco o título: CRISE - O Ano Perdido -.
Estava aguardando ser atendido pelo médico, então comecei a folhear a revista e encontrei um artigo falando do heroísmo de um pernambucano que na década de oitenta salvou Recife de uma catástrofe. Nelcy Campos , um prático, levou do porto de Recife um cargueiro em chamas para alto mar. Se houvesse explodido no cais do porto, a previsão era a destruição de tudo num raio de cinco quilómetros, incluindo cinco populosos bairros da capital pernambucana.
Contundo, o que me levou a escrever estas linhas foi o artigo de Marco Polo Guimarães, - confesso minha ignorància, não sei quem é -, sobre um encontro que ele teve, quando jovem, morando no Rio de Janeiro, com Carlos Drumond de Andrade. Durante muitos dias ele ficou vigilante em determinado ponto de Ipanema para encontrar o poeta. Certo dia o poeta passou, ele viu e de longe ficou admirando a figura de Carlos Drumond de Andrade. Fato que se repetiu por vários dias, até Marco Polo perder o interesse por aquela cena corriqueira.
Depois de algum tempo, o autor do artigo, fazendo compras no supermercado Disco em Ipanema, esbarra seu carro em outro. Para surpresa sua, a pessoa pede desculpas e quando ele levanta a cabeça se depara com o próprio Carlos Drumont que com insistência se desculpava.
Tal encontro me fez lembrar um que tive com Chico Anísio. Sempre fui fã de carteirinha dele, que considero o maior artista do mundo. Não existe em lugar nenhum do Planeta artista tão completo, que tenha criado 209 personagens, todos completamente diferentes em tudo. Voz, gestos, enfim sem qualquer semelhança um com o outro.
Além de ser compositor, escritor, artista plástico, cantor. Inclusive, nos programas de calouros, termo talvez pouco conhecido dos mais novos, mas era assim que se chamava, em décadas passadas, os programas de rádio e televisão destinados a descobrir novos talentos, ele era proibido de participar, juntamente com Fernanda Montenegro e Sílvio Santos,. porque com a participação deles, outros talentos eram eliminados.
Mas voltemos a Chico Anísio. Em meados da década de noventa, ele veio fazer um show no Teatro José de Alencar, aqui Fortaleza. O show, se não me engano, começava às dezenove horas. Bem antes fui para o teatro na esperança de encontrá-lo, pois tencionava ficar à espera, no jardim do teatro que dava para a garagem do prédio.
Entrei e fui para o jardim.Lá fiquei à espera de uma oportunidade para trocar algumas palavras com meu ídolo. Não esperei muito. De repente, entra um Opala preto e estacionado. Do carro, descem Chico Anísio, a irmã dele, aquela que fazia o papel de Terta, e um dos filhos. Eu estava parado a uns quinze metros do local onde o carro ficou estacionado, e assim que o vi, encaminhei-me em sua direção e coincidentemente ele veio na minha. Quando chegou perto de mim perguntou onde era a entrada dos artistas.
Meio emocionado, respondi que não sabia, mas que ia procurar. Ele pós-se ao meu lado e começou a falar que estava um pouco atraso porque ficara assistindo a um jogo do campeonato carioca: Vasco e América. Como sou vascaíno e sei que ele também, disse que só estava ali porque o show era dele, senão, teria ficado em casa vendo o jogo.
Ele pós a mão em meu ombro, como se me conhecesse há tempo, e caminhamos alguns metros. Pedi para tirar umas fotos com ele, e prontamente fui atendido. Batemos várias fotos. Eu com ele. Minha ex-mulher também; tiramos fotos com a irmã dele. Enfim, muitas fotos foram tiradas.
Na ocasião, levei um CD da dupla Baiano e os Novos Caetanos. Disco que ele lançara juntamente com Arnold Rodrigues, na década de setenta, quando trabalhavam juntos. Pedi autógrafo na capa do CD, que inclusive ainda guardo, e ele autografou e escreveu: 2 - assim mesmo - abraços para Henrique e Gorette.
Feliz, assisti ao show e ansioso para mandar revelar as fotos No dia seguinte fui ao Shopping Iguatemi e mandei fazer a revelação e fiquei aguardando. Quando recebi, a surpresa, eu não saíra em nenhuma. Todas queimaram; prestaram somente as que minha ex-mulher tirou com ele e com a irmã dele.
Por volta de 2006, comecei a me aventurar em literatura, escrevendo poesia, principalmente, cordéis e alguns sonetos, bem como alguns textos em prosas. Meus escritos, passei a publicar no site Usina de Letras, e fiz muitas amizades, recebi mensagens de muitos lugares, inclusive até da Austrália. Hoje mesmo, quando escrevia este texto, recebi um email do Centro de Cultura M.Dias Branco solicitando permissão para usar um cordel meu, num trabalho que vão fazer sobre a grande Seca do Quinze.
Pois bem, como disse fiz muitas amizades, e uma das minhas leitoras sempre postava mensagens de elogios e incentivos. Por diversas vezes trocamos mensagens sobre literatura e o gosto de cada um sobre o assunto. Nessas mensagens falei sobre minha admiração por Chico Anísio.
Veio a doença dele. E por vários meses ele ficou hospitalizado. Neste período, em homenagem a ele, escrevi um cordel: Ao Mestre com Carinho, em julho de 2011, publicado na Usina de Letras.
Lá por novembro de 2011, ele teve alta. Certo dia, essa amiga, passeando num shopping no Rio de Janeiro, encontrou-se com Chico Anísio, que inclusive estava de cadeira de rodas. Falou com ele e contou do meu cordel. Ele gentilmente deu a ela o email que ela me enviou. Mandei o cordel para ele, que me agradeceu e fez vários elogiou sobre a rima a métrica e o ritmo.
No ano seguinte, meu ídolo faleceu. E eu, não sei como, havia deletado o email recebido dele, jogando no lixoi essa grande homenagem, pois para mim recebe um elogio de Chico Anísio foi o maior prêmio que já ganhei. Mas infelizmente, minha convivência, se é que posso chamar assim, não teve um final tão feliz. Entretanto, ficaram a lembrança daquela maravilhosa tarde de sábado, quando tive o prazer de falar pessoalmente com o maior artista do Brasil, e o CR autografado, que ainda hoje guardo com muito prazer e sempre escuto suas músicas: Urubu está com raiva do boi; Essa ciranda quem me deu foi Lia; Eu vou bater pra tu pra tu bater pra tua patota; e muitas outras.
Valeu, grande Chico Anísio. Serei eternamente grato por ter me feito rir muitas e muitas vezes. Por ter tornado muitos meus dias mais agradáveis com suas criações, seus personagens, pois sempre esperava às quartas-feiras à noite para assistir ao Chico Anísio Show, à sua participação no Fantástico, aos domingos e também ao Chico City, cujos dias que ia ao ar não me recordo e também àquelas quatro maravilhosos programas que fizeste, se não me engano em janeiro de 1975, Azambuja e Cia.

HENRIQUE CÉSAR PINHEIRO
Fortaleza, julho de 2015.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Perfil do AutorSeguidores: 25Exibido 556 vezesFale com o autor